Confiar

Segundo um dicionário online, o sinônimo de confiar é: acreditar, crer, encarregar, incumbir e responsabilizar. A conclusão que tiro desta curta explanação de significados é que quando se confia em alguém, este alguém, precisa ser confiável. O ato de confiar é bilateral, e o caminho inverso demanda compaixão e lealdade. No amor, confiar é muito mais do que creditar algo é arriscar vida. Li no facebook há algum tempo que: Amar é dar a oportunidade a outro de te destruir e acreditar que isso não vá acontecer.

Então, no amor, quando uma confiança é quebrada, o que resta (quando o que sai disto pode ser chamado ser vivente) é um sobrevivente, não um traído, ou um decepcionado. Foi apostada a vida ali, naquela empreitada. No amor, confiar é dar alma, e amar de verdade é poder dizer como Djavan – Se eu tivesse mais alma pra dar, eu daria – pois isso é viver!

Veríssimo afirma que de nada adianta cercar um coração vazio, ou economizar alma. Quando alguém se propõe a confiar seu amor a alguém isso é feito por inteiro, não há meias verdades. Nando Reis escreveu que tornar o amor real é expulsá-lo de você para que ele possa ser de alguém. Quando amamos, o amor não é seu, mas ele é confiado a outro, para o cuidado e a manutenção dele, e falhar nessa tarefa é quebrar a confiança, é ferir de morte uma alma, é provocar estigmas irreparáveis. E o que resta é um subumano... Uma alma saída de um campo de concentração.

Estudos revelam que se leva quase dois anos pra se sair da fossa... seria engraçado se não fosse trágico, mas a fossa é o fundo do poço da condição sentimental humana, é a perda da felicidade de viver, é a falta de motivação para continuar na estrada... é o tanque vazio. Sabe o que há no fundo do poço? Nada, exatamente isso! Não restou nada, os sonhos ficaram lá em cima, a esperança grudou nas paredes durante queda, o amor pela vida e o sabor de cada dia se apagou quando a escuridão se tornou maior do que o halo de luz longínqua a cima de sua cabeça. Não restou fôlego de vida e caminho de volta. Quando se pensa qual o motivo de se estar ali, cavando no fundo do poço, se compreende que o primeiro erro foi confiar na pessoa errada, ato suicida.

Conseqüências tão devastadoras levaram o homem a “uma maldita mania de viver no outono”. Uma amiga me disse algo que jamais esquecerei. Quando um relacionamento acaba e a possibilidade de outro surge no horizonte, não sabemos o que esperar ou o que querer, mas sabemos o que não queremos. Não queremos estar no fundo do poço, não queremos perde a esperanças nas lodosas paredes da ilusão e nem matar os sonhos ao pé da fonte. Não queremos ser impelidos a economizar alma. Não queremos perder a confiança em confiar.

Edson Duarte
Enviado por Edson Duarte em 21/01/2014
Código do texto: T4658220
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