O Brilhante

O brilho da bolha não desaparece pela falta de qualidade do sabão. Mas pelo excesso ou falta de ar.

A constância do desapego da pedra pelo que está em volta é o que a faz única. Até que a venham buscar para alguma coisa. Se isto não acontecer, ela nunca terá nada a dizer. E depois de muito tempo, se for granito, desaparecerá com todos os seus segredos. Infinitos.

Por isso certamente não sabemos tanto quanto o que sabe uma pedra. Ou uma árvore, apesar de esta dialogar mais frequentemente com a gente. E o nosso brilho é tão efêmero quanto o da bolha de sabão. Embora a gente jure que não.

Talvez não haja muito sentido neste tipo de constatação. Pode não ser prático. E, para muitos, discutível.

Mas não poderão dizer que se trata de um exercício inteiramente inócuo – o de falarmos com nós mesmos. O que pouco fazemos. Preocupados com as coisas do dia-a-dia. Com as compras do dia. Com o que vamos falar com alguém, além do bom-dia. Se vamos nos fazer entender, apesar de procurarmos seguir os padrões estabelecidos. E quando os seguimos e não somos aceitos? Quando sentimos que a aceitação não é plena? Que é apenas um embuste? Algo não anda direito. Precisamos de um ajuste.

Aí pode ser que procuremos conversar com nós mesmos. Mas se não for com o intuito de saber quem somos, é possível que não adiante muito. Pode não ser suficiente. Talvez uma explicação mais contundente possa estar numa pedra, “no meio do caminho”, numa árvore ou no efêmero brilho de uma bolha de sabão.

Rio, 27/12/2013

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 27/12/2013
Reeditado em 27/12/2013
Código do texto: T4626846
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