Eu e você

EU E VOCE.

Quando a vi pela primeira vez estava a passar por mim. Caminhava com rapidez, passos curtos e ligeiros deixaram-me para trás. Meu corpo ficou, mas o olhar acompanhou seus passos e desde esse momento, não mais se desgrudou.

Lembro bem, vestia uma jardineira verde que lhe modelava o corpo como uma luva de número menor. Por baixo uma blusa de renda branca contrastava com seus cabelos, que não eram nem longos nem curtos, mas de brilho intenso. Hipnotizado pela luz que irradiava decidi ir para onde fosse, mesmo que seu destino me levasse para longe do meu.

Senti que ali estava minha alma gêmea e não poderia deixa-la fugir, quantas almas gêmeas deixamos escapar por falta de insistência e até mesmo por timidez.

Sinalizou para um ônibus, para onde ia não importava, cheguei tão próximo dela a ponto de sentir se perfume. Ainda hoje, apesar de tantos anos a essência impregnou-me a alma de tal forma que jamais me deixa esquecer.

Passamos pela roleta, não havia ainda me notado, dei um momento para ver onde sentava, felizmente ninguém ao seu lado.

- Com licença – sentei-me.

- Pois não – respondeu

- Estou a observar suas mãos, e me parece que é da área médica acertei ou errei?

- Errou, fiz Educação Física.

- Não errei tanto assim, cuidar do corpo é cuidar da saúde, portanto...

- Tem uma certa razão.

Esse foi o nosso primeiro diálogo.

Reparei seu olhar era penetrante e inocente, parecia que sorria com os olhos, notei que suava nas mãos, mas não poderia imaginar que fosse por minha causa.

No rádio do ônibus Gal cantava Baybe, a linda voz clara e melodiosa soava como um hino de amor e essa passou a ser a nossa música. Não há lugar que toque que não me lembre daquele momento. Aonde saltamos não me lembro, só sei que na esquina alguém vendia flores, e num impulso feliz comprei rosas e estendi a lhe ofertar. Sorrindo como uma criança abriu os braços, com uma das mãos segurou o buquê, com a outra me Deus, eu fui ao Céu, pegou na minha.

zoric
Enviado por zoric em 24/04/2007
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