"O ESPÍRITO NATALINO" Crônica de: Flávio Cavalcante
O ESPÍRITO NATALINO
Crônica de:
Flávio Cavalcante
Está chegando o natal. Mas uma festividade de consumo abusivo e gastos exorbitantes. Mês que as lojas se preocupam em vender mais e mais, onde o verdadeiro sentido não é o nascimento do menino Jesus. Infelizmente a ganância dos senhores poderosos donos dos grandes comércios veem este período como forma de encher ainda mais os seus bolsos, esquecendo do momento de confraternização e oração.
A essência do natal foi se perdendo com o passar do tempo. A magia foi trancada á sete chaves dentro de um baú cheio de saudades, que hoje está coberto de poeira e teia de aranha. Na lembrança, resta uma homérica saudade de outrora que só quem viveu sabe bem a forças destas palavras.
Todo ano essa época, representa uma eterna saudade de um tempo que nunca mais vai voltar. Lembro-me quando criança ficava contando nos dedos os dias para chegar logo dezembro para reunirmos na sala da nossa casa para a montagem da árvore de natal, que era um prazer indescritível e tradição de todos os anos. O tempo na época parecia andar devagar e o intervalo de um ano para o outro demorava uma eternidade para passar. Será que isso era coisa da ansiedade da criança na época ou realmente era um fato?
Cada bola colorida tirada de dentro da caixa guardada desde o ano anterior, retratava uma nova festa de crianças que faziam questão de enfeitar aquele arvoredo montável sem pressa alguma de acabar. Isso é o que me mata de dor dentro do peito acordar para uma realidade que eu preferia estar ainda sonhando.
Tenho uma grande saudade de um tempo quando entrávamos nos meados do mês de novembro e já sentíamos o clima natalino. As pessoas de cumprimentavam e viviam felizes e complacentes. A cidade já começava a ficar enfeitada. Confraternizam-se, paravam para conversar coisas do dia a dia, faziam questão de fazer parte da vida um do outro como numa grande família. Á noite espalhavam-se cadeiras nas portas para bater papo enquanto o sono não chegava. Parece que o povo vivia mais feliz. As crianças tinham realmente uma infância rica de imaginação. As cartinhas eram escritas logo cedo para o papai Noel pedindo o presente. A noite do natal chegava e muitas crianças ficavam atentas esperando para ver a imagem das barbas branca do bondoso velho, este que ninguém nunca viu, mas, mesmo sem se apresentar, deixava o seu rastro nos presentes deixados em cima do sapatinho ou chinelo de cada criança. Isso era uma tradição que não podia faltar. Por mais humilde que fosse a família. Certo que, cada papai Noel carregava um nível social diferenciado, e o tamanho do presente era o mesmo tamanho que a família tinha no bolso naquele momento, mas, o espírito natalino, não deixava nenhuma criança ficar sem o presente no dia seguinte.
ESTE SIM... ERA O ESPÍRITO NATALINO
Flávio Cavalcante