MEMÓRIAS LITERÁRIAS -

E de novo, minhas férias...

Hoje, depois de uma caminha de dez anos no magistério. Caminhada de incessantes buscas pelo conhecimento, de incessantes questionamentos: isso é relevante ao meu aluno? Como posso conquistar a atenção sobre este ou aquele determinado conteúdo? Qual a melhor forma de fazer-me entender?

Eu sei, sei sim, que minhas experiências talvez sejam poucas ou até recentes demais, mas esse caminho escolhi, para chegar ao tempo exato de minhas memórias e o texto em si.

Vivi, presenciei modismos dentro da educação. Estudei, li e refleti autores, que hoje já não mais são lembrados. Acompanhei o texto tomar forma e tornar-se o centro no Ensino de Língua Portuguesa.

Por esse motivo volto meu olhar, retomo minha passagem pelos anos finais do Ensino Fundamental. Saudades, que saudade gostosa, mas uma coisa ainda me deixa intrigada, pois a cada início de ano, na primeira semana de aula e na primeira aula de português eu ouvia a professora dizer: “Escrevam sobre suas férias”.

Que coisa chata pensava eu, de novo e de novo escrever sobre minhas férias. Escrever o quê, o que tinham minhas férias de tão interessantes e diferentes que mereciam até um texto. Queria poder voltar àquela época e então escrever sobre minhas férias, e assim o texto seria:

Ai minhas férias

tão iguais,

mas não iguais

a do Pedro;

Que saiu cedo

chinelo de dedo,

na mão um espeto

pra assar galeto;

Ai minha férias

tão iguais,

mas não iguais

a do João;

Que foi pra longe

além do horizonte

com seu sungão

no mar de ambição;

Ai minhas férias

tão iguais,

mas não iguais

a do Camilo;

Na plantação de milho

fez até trilho,

cantando o estribilho

Da canção do exílio;

Ai minhas férias

tão iguais,

mas não iguais

a sua;

Que saiu pela rua

Com a cabeça na lua

Inventando aventura

No caderno de brochura;

Ai minhas férias

tão iguais,

ainda assim legais,

sem voltar jamais.