Galhos de Arruda
Vi uma moça no ônibus com uma plantinha nas mãos e quando reparei eram galhos de arruda. Fazia muito tempo que eu não via aquelas folhas pequeninas e sentia o cheiro característico. Imediatamente lembrei-me das superstições que cercaram minha infância.
Mamãe sempre colocava os galhinhos de arruda atrás da minha orelha quando saia sem ela. Pensava que sem sua proteção eu seria presa fácil de alguma influência negativa no ambiente. Morria de vergonha, mas usava o amuleto.
Ele foi indicado por uma benzedeira que visitava minha família e na melhor das intenções receitava simpatias para quase tudo na vida. Quer passar em uma entrevista de emprego? Fumo, café e açúcar. Afastar os maus espíritos? Arruda. Dor de cabeça? Chá de hortelã.
Era proteção, amor de mãe, superstição, tantas coisas que cabem na infinita sabedoria da natureza e também traz consigo as boas lembranças.