Alma incompleta
Meu sofrimento advém de minhas lembranças; advém do meu gosto. Uns pensam: do 'mal gosto'. Meu sofrimento advém da falta de pragmatismo. Do meu desejo, insistente, de achar o pedaço da minha alma; perdida por aí, vagando por alguma cidade; trabalhando em alguma repartição. Estudando? Se maquiando, com seus cosméticos para lhe deixar mais bela; sua alma, está procurando um endereço, e nossos códigos ainda não se cruzaram.
Não posso, e estou proibido de ficar com qualquer uma. Os códigos não batem. A sintonia não se encaixa. Ao mesmo tempo que serve qualquer uma, não serve. Serve aquela que consegue ser interessante; que consegue ter alma; que não menospreza o sentimento; que não se perde em qualquer bobagem infantil; embora, ser boba, não é algo ruim, desde que a bobagem não seja agressiva; desde que a bobagem seja de criança; e, isso é muito diferente de ser infantil.
Esse pedaço de alma, perdido por algum canto, é o canto que eu canto todos os dias. É o canto, que eu canto, porque uivar é o sinal de que se estar sozinho. E, o sozinho não pode ser maquiado por qualquer 'curtir'. A curtição, aqui, não é diversão; é sinal de que a alma veio quebrada. Veio incompleta. Veio faltando algo. Estou atrás, desse algo...