Olá Amigo....

Olá amigo. Há quanto tempo heim...Uma percepção de que estás muito longe, lá nas galáxias..
Hoje , recordações balançam meu coração, tonteiam à minha alma.
Que falta vejo agora a sua longura, é uma amargura dura...Hoje estou sozinho e só...
É, estou sozinho e só. A comadre foi- se embora apresentar-se a Deus, nos céus, nas nuvens invisíveis do mistério da ausência terrena.
Os filhos cresceram, mas que do que deveriam e sumiram. Estão moribundos aí pelo mundo. Creio que já tenho netos desaparecidos.... Nem uma notícia. Nem na digital eu os descubro, e aí, sinto a falta da velha carta escrita que atravessava oceanos...mas ficavam registradas para uma releitura de saudades e recordações...
Saudades do amigo. E se a gente se encontrar, você vai chorar como sempre chorou.Oh! lágrimas de uma amigo verdadeiro... Poxa, você é uma geleia molinha.. Saudosas lágrimas em seu negro rosto. Poxa, você tem um narigão de negão,de tomada elétrica, de porco.... mas você sabe que é um negão do coração tamanho do Brasil, também pudera, você é um tremendo negão... Se a gente se ver por aí, desta vez as lágrimas serão minhas, eu pago estas lágrimas , não quitadas nos caminhos em desalinho e já descem só de pensar.Deslizam pelo meu rosto marcado de ranhuras da melhor idade, é idoso mesmo,Pingam o líquido lacrimal na ponta do meu nariz de judeu....
Cara, que distância é esta ... Uns 400 km de minha residência até a tua...Que distância é esta...
Uma distância do descaso!!! É ... Ainda tenho o teu telefone e o número não mudou..O meu número também não mudou...Você ainda tem ele anotado naquele caderno encardido... Caderninho velhinho. Me lembrei que você escrevia as letras das músicas e aquela heim. “Eu queria ser, o seu caderninho , prá poder ficar , juntinho de você” Esta você cantarolava prá a belesura da Isaurinha...que neguinha bonitinha..
Estive com a Clarinha ,aquela da Escola Caxangá... Boa de História.... Está linda , um mulherão...Já tem filhos e netos.falou que você está na mesma rua, mesma casa, mesmo número....
Amigo, peço um perdão eterno, sem precisar pechinchar... sei que para você não há perdão a barganhar....És de verdade, o amigo...
Faz muito tempo, uns 30 anos que não batemos um papo....Umas piadinhas de improviso...
E seus filhos e e seus netos e sua patroa .... quem são eles...A patroa é a Isaurinha, torço para que seja....você gostava dela...também pudera. OH ! menina fina e educada e concentrada e adorada, amada, idolatrada até...
Urgencia que eu pegue o telefone e fale, Alô , amigo, aqui fala o seu amigo, há quanto tempo?
A coragem não me vislumbra, estou com receio, e com o medo permeio. Que tumba...
Preciso pegar o telefone, discar os números e completar a ligação....ação, menção, reencontro e pronto.
Nem precisarei falar das minha dores , da minha solidão, dos meus medos, dos arremedos, dos enredos de minha vida...Falar de minhas vicissitudes, prá que... Você, meu amigo, já conhece de antemão, de puro coração, de muita emoção...de rara intuição...
Sinto, que bastará ouvir o seu Alô, e estarei de alma clara, com um discreto sorriso no rosto mas consistente, contente, ardente, e propulsor para os dias seguintes

Saudades do amigo,
Prometo que telefono, a qualquer momento, basta um estalo em minha consciência cognitiva. Ativa eu, eu sozinho e só.


ADomingos
23\09\2013

 
ADomingos
Enviado por ADomingos em 29/09/2013
Reeditado em 19/06/2016
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