* Sandro não mais hesitou.
Depois de um ou dois minutos olhando para baixo, ganhou a coragem necessária para o último ato.
Respirando fundo, querendo não pensar em coisa alguma, ele avançou a perna direita.
_ Não! Não faça essa loucura!
Muito atordoado Sandro conteve o passo e recuou a perna.
_ Quem é você? Algum anjo? Eu nunca acreditei em anjos.
_ Eu não sou um anjo. Meu nome é Rosana.
_ O que você faz em cima de um prédio abandonado, numa área tão afastada?
_ Antes de responder, qual é o seu nome?
_ Meu nome é Sandro.
_ Olá, Sandro! Apesar das circunstâncias tão estranhas, é um prazer te conhecer. Eu posso explicar o que estou fazendo aqui, mas me diga o que levaria um rapaz tão bonito a tentar suicídio?
_ Eu não pretendo tentar suicídio! Eu vou me suicidar daqui a minutos, mas eu não estou entendendo a sua presença aqui, pois não escutei ninguém. Como você surgiu de repente?
_Será que eu sou um anjo?
Rosana sorriu, o rapaz permaneceu sério.
Sandro falou:
_ Você acha essa situação engraçada?
_ Se daqui a minutos você vai cometer um suicídio na minha frente, é bom brincar pra descontrair, não?
Sem obter qualquer resposta, Rosana continuou:
_ Eu resolvi dar uma volta, queria acalmar a mente, sou uma moça que curte o silêncio profundo. Vi esse prédio, subi as escadas e sentei nessa sala ao lado. Terminei pegando no sono. Há uns dez minutos, despertei e percebi um barulho de passos. Quando levantei e olhei pela janela velha, te vi aqui em pé, parado. Fiquei assustada, saí exatamente na hora que você sinalizava pular, aí eu gritei para você parar...
** Sandro subiu desesperado.
Chegando na parte mais alta do prédio em ruínas, uma espécie de terraço, verificou um muro quebrado com uma abertura facilitando alguém se atirar. Antes da ação ousada e decisiva, ele ficou, cerca de quinze minutos, andando a esmo. Depois parou perto da abertura e tentou concretizar o suicídio.
Rosana despertou ouvindo passos e decidiu conferir.
Ela observou o rapaz no momento exato em que Sandro finalizava a preparação para o mergulho.
Saindo rápido da sala, Rosana deu o grito providencial. **
* Sandro falou:
_ Pois bem, Rosana! Você agora desce, vai para casa, me deixa em paz!
_ Nada disso! Você desce comigo.
_ Por quê?
_ Porque eu estou abatida e preciso de companhia.
_ Você não parece abatida, sabia?
_ Abatida ou não, você vai descer comigo.
_ Eu mal te conheço! Faça de conta que não me viu aqui.
_Impossível! Como eu posso fazer de conta que não vi um rapaz que pretende se arrebentar lá embaixo, e sair daqui numa boa?
_ Então fique aí e assista o meu suicídio.
_ Um momento! Por que você quer se matar, Sandro?
_Não é da sua conta!
_ Eu sei que nós mal nos conhecemos, mas não seja tão estúpido antes de se matar!
_ Eu estou desgostoso da vida. São vários motivos.
_ Quais? Permita a minha indiscrição!
_ Eu fui demitido sem uma justificativa após doze anos de dedicação inútil, descobri que minha namorada me trai com o meu melhor amigo, estou devendo rios de dinheiro, eu acho que a vida é uma piada... Pronto! Resumindo, é isso.
Rosana, buscando oferecer um ar de seriedade, disse:
_ Sinto muito, Sandro! Sei que não posso medir sua dor e angústia, mas gostaria de te ajudar.
_ Como?
_ Vamos descer, tomar um sorvete, conversar um pouco, você me fala sobre suas mágoas, abre o coração. Caso depois você ainda pense em cometer suicídio, prometo que eu deixo.
_ Você parece que está querendo me enrolar.
_ Não! Apenas não quero tomar sorvete na solidão.
Os dois riram.
Uma hora depois eles estavam tomando sorvete e desenvolvendo uma conversa muito animada.
Após o sorvete, Sandro não quis retornar ao prédio em ruínas.
Os dois se casaram no mês seguinte.
Completando um ano, decidiram rever o local onde se conheceram.
O prédio já estava sendo usado para a construção de uma clínica.
Eles não puderam subir.
Sandro indagou:
_ Por que você mentiu pra mim, Ro?
_ Menti pra você? Que papo é esse, Sandrinho?
_ Você me disse que não era um anjo, você mentiu!
_ Claro! Eu sabia que você não acredita em anjos.
_ Hoje eu acredito.
Os trabalhadores, naquele final de tarde, encerravam a jornada.
Ro e Sandrinho, sentados, abraçados, com as mãos bem entrelaçadas, tentavam enxergar o terraço que quase foi marcado por um suicídio.
A disposição íntima do rapaz agora era outra.
Com um emprego satisfatório, ajustando as finanças, tudo que Sandro queria era ter bastante tempo e saúde, pois o seu grande desejo era desfrutar demais a vida a fim de saborear a felicidade a qual Rosana tanto lhe ofertava.
Um abraço!
Depois de um ou dois minutos olhando para baixo, ganhou a coragem necessária para o último ato.
Respirando fundo, querendo não pensar em coisa alguma, ele avançou a perna direita.
_ Não! Não faça essa loucura!
Muito atordoado Sandro conteve o passo e recuou a perna.
_ Quem é você? Algum anjo? Eu nunca acreditei em anjos.
_ Eu não sou um anjo. Meu nome é Rosana.
_ O que você faz em cima de um prédio abandonado, numa área tão afastada?
_ Antes de responder, qual é o seu nome?
_ Meu nome é Sandro.
_ Olá, Sandro! Apesar das circunstâncias tão estranhas, é um prazer te conhecer. Eu posso explicar o que estou fazendo aqui, mas me diga o que levaria um rapaz tão bonito a tentar suicídio?
_ Eu não pretendo tentar suicídio! Eu vou me suicidar daqui a minutos, mas eu não estou entendendo a sua presença aqui, pois não escutei ninguém. Como você surgiu de repente?
_Será que eu sou um anjo?
Rosana sorriu, o rapaz permaneceu sério.
Sandro falou:
_ Você acha essa situação engraçada?
_ Se daqui a minutos você vai cometer um suicídio na minha frente, é bom brincar pra descontrair, não?
Sem obter qualquer resposta, Rosana continuou:
_ Eu resolvi dar uma volta, queria acalmar a mente, sou uma moça que curte o silêncio profundo. Vi esse prédio, subi as escadas e sentei nessa sala ao lado. Terminei pegando no sono. Há uns dez minutos, despertei e percebi um barulho de passos. Quando levantei e olhei pela janela velha, te vi aqui em pé, parado. Fiquei assustada, saí exatamente na hora que você sinalizava pular, aí eu gritei para você parar...
** Sandro subiu desesperado.
Chegando na parte mais alta do prédio em ruínas, uma espécie de terraço, verificou um muro quebrado com uma abertura facilitando alguém se atirar. Antes da ação ousada e decisiva, ele ficou, cerca de quinze minutos, andando a esmo. Depois parou perto da abertura e tentou concretizar o suicídio.
Rosana despertou ouvindo passos e decidiu conferir.
Ela observou o rapaz no momento exato em que Sandro finalizava a preparação para o mergulho.
Saindo rápido da sala, Rosana deu o grito providencial. **
* Sandro falou:
_ Pois bem, Rosana! Você agora desce, vai para casa, me deixa em paz!
_ Nada disso! Você desce comigo.
_ Por quê?
_ Porque eu estou abatida e preciso de companhia.
_ Você não parece abatida, sabia?
_ Abatida ou não, você vai descer comigo.
_ Eu mal te conheço! Faça de conta que não me viu aqui.
_Impossível! Como eu posso fazer de conta que não vi um rapaz que pretende se arrebentar lá embaixo, e sair daqui numa boa?
_ Então fique aí e assista o meu suicídio.
_ Um momento! Por que você quer se matar, Sandro?
_Não é da sua conta!
_ Eu sei que nós mal nos conhecemos, mas não seja tão estúpido antes de se matar!
_ Eu estou desgostoso da vida. São vários motivos.
_ Quais? Permita a minha indiscrição!
_ Eu fui demitido sem uma justificativa após doze anos de dedicação inútil, descobri que minha namorada me trai com o meu melhor amigo, estou devendo rios de dinheiro, eu acho que a vida é uma piada... Pronto! Resumindo, é isso.
Rosana, buscando oferecer um ar de seriedade, disse:
_ Sinto muito, Sandro! Sei que não posso medir sua dor e angústia, mas gostaria de te ajudar.
_ Como?
_ Vamos descer, tomar um sorvete, conversar um pouco, você me fala sobre suas mágoas, abre o coração. Caso depois você ainda pense em cometer suicídio, prometo que eu deixo.
_ Você parece que está querendo me enrolar.
_ Não! Apenas não quero tomar sorvete na solidão.
Os dois riram.
Uma hora depois eles estavam tomando sorvete e desenvolvendo uma conversa muito animada.
Após o sorvete, Sandro não quis retornar ao prédio em ruínas.
Os dois se casaram no mês seguinte.
Completando um ano, decidiram rever o local onde se conheceram.
O prédio já estava sendo usado para a construção de uma clínica.
Eles não puderam subir.
Sandro indagou:
_ Por que você mentiu pra mim, Ro?
_ Menti pra você? Que papo é esse, Sandrinho?
_ Você me disse que não era um anjo, você mentiu!
_ Claro! Eu sabia que você não acredita em anjos.
_ Hoje eu acredito.
Os trabalhadores, naquele final de tarde, encerravam a jornada.
Ro e Sandrinho, sentados, abraçados, com as mãos bem entrelaçadas, tentavam enxergar o terraço que quase foi marcado por um suicídio.
A disposição íntima do rapaz agora era outra.
Com um emprego satisfatório, ajustando as finanças, tudo que Sandro queria era ter bastante tempo e saúde, pois o seu grande desejo era desfrutar demais a vida a fim de saborear a felicidade a qual Rosana tanto lhe ofertava.
Um abraço!