Manuscrito Filosófico de William Shakespeare da Silva (part. 3)
Reflexões, parte III
Liberdade, Independência e Vida.
Independência é algo que me leva a longos monólogos. Armo conferências em minha cabeça, procurando alguma explicação, uma delas é: Como uma pessoa que trabalha oito horas por dia, passa considerável tempo no trânsito, lida com estranhos e indivíduos indesejáveis, possui limitadíssimo tempo de sono pode se considerar livre?
Melhor, como alguém que é nada mais nada menos que uma minúscula forma de vida nesse imenso universo, e, existe unicamente pela vontade de um se superior pode se considerar independente?
Agora analise: Um assalariado é o mesmo que escravo com um nome politicamente correto e que a liberdade está na vontade de Deus.
Sei que independente da profissão que escolham grande parte será infeliz. De qualquer forma, o trabalho hoje só existe para termos subsídios para os bens que desejamos para que possamos viver.
Nós pensamos que somos diferentes dos demais animais; achamos que 'vivemos'.
Viver é uma palavra muito bonita. Só os afortunados vivem, a maioria de nós sobrevive, vive subjugado.
Ao ligarmos a televisão vemos pessoas bonitas, ricas e felizes. Sempre. Encontramos felicidade nesses ecos da real vida humana ao assistir um programa ou telenovela.
Ao ouvirmos uma música popular nos deparamos com diversos personagens, dentre os meus favoritos estão as pessoas bonitas. Sim, só os belos são exaltados, principalmente as mulheres. E como são excepcionalmente fantásticas, capazes de atrair a atenção de multidões; separar casamentos; matar e morrer por seu amor etc. e etc. Porém, onde estão?
Um dia, era um sábado que ameaçava chuva, estava andando de ônibus, devia ter algum compromisso naquele dia, e reparei que, em algum lugar, tocava um animado forró, contando a história de uma belíssima cabocla e dizia que 'o nordeste era a terra das mais belas mulheres dessa terra'.
Olhei ao redor para constatar se o que era dito era verdade, mentira.
Todas de semblante triste, pensativo, algumas com olhares estúpidos como que entretidas em algum pensamento.
A cintura fina ali não existia, os olhos de mel eram negros e vazios, os seios rijos eram caídos, o corpo de musa era disforme. Não havia beldades ali ou em qualquer lugar naquela região, ao menos não em abundância como rezava a canção.
Ah! Mulher nordestina, como é bonita nas canções e feia na realidade.