Dádiva da Vida
Um dia deixaremos a Dádiva da Vida, onde o Generoso Condutor é o único que sabe sobre o Caminho, a Verdade, a Paz e a Luz.
Mas de tudo e de todos sempre restará alguma coisa no recanto da mente e no calor dos corações vívidos, vividos e divididos: a lembrança, a saudade, a presença-ausência, a ausência-presença, o semblante, o olhar, o sorriso, o gesto, o perfume, a palavra, a amizade, o carinho, o exemplo, a admiração, o sonho, a história, a glória, a marca, a cicatriz, o fóssil, o rastro, o indício, o tempo, a música, a foto, a carta, a imagem, o aceno, a esperança e a certeza do reencontro em algum lugar do revés distante...
E a Vida completará o seu ciclo na preparação do Ser para o caminho do Indecifrável. E nesse caminho não haverá diferenças entre o nunca e o sempre, o tudo e o nada, entre o claro e o escuro, o bem e o mal, o amor e o ódio, o distante e o perto, a dúvida e a certeza, o segredo e a revelação, o mistério e a compreensão, o desejo e a abstenção, a atração e a repulsão, a ação e a reação, a verdade e a mentira, o dia e a noite, o calor e o frio, a paz e a guerra, a fome e a fartura, a fidelidade e a traição, o belo e o feio, a razão e a intuição, o atingível e o inatingível, a perfeição e a imperfeição, o sim e o não, o cumprimento e a despedida, o tempo e o espaço, a energia e a matéria, o universo do Ser e o ser do Universo...
(dfholanda, São Paulo-SP, 29.06.2006)