Na aldeia da minha infância os meninos vestiam apenas túnicas curtas e só vestiam as compridas quando o pai determinava alertado pela mãe, percebendo as ameaças da adolescência e a demora na fossa turca.
Kafa, a costureira da aldeia fez, então, duas túnicas brancas (até hoje não se imagina outra cor) com fecho éclair da cintura para cima. Eram folgadas e pouco baixo dos joelhos. Havia nelas uma abertura para facilitar os afazeres hidráulicos, mas não evitava a fuga do “trade mark” marculino, que não raro escapulia pela fresta, sendo necessário remanejar, para o lado esquerdo, como ensina o Profeta.
As túnicas de Kafa pinicavam, arranhavam, estrangulavam os complementos do logotipo masculino. Foi desse jeito que me tornei homem. Na Turquia (mesmo valendo para todo o planeta), quando o menino começa a ficar homem, as espinhas brotam no rosto, a voz engrossa, a penugem toma viço, os olhos enxergam a mesma menina da escola da mesquita de outra forma já que o seu melhor amigo passa a ser o espelho que reflete músculos e grandezas que só ele imagina. Inshalá!
Byülki
Enviado por Byülki em 08/08/2013
Código do texto: T4425313
Classificação de conteúdo: seguro