COLEGA DE TRABALHO – VIII – continuação.

 
               E o tempo que não para trouxe a quarta-feira. Chegamos juntos. Fui para minha mesa fazendo-me de indiferente para indiferença! Não ouvi o bom-dia quase sem som. Espicho os olhos para lá. Ela está sorrindo para uma colega. Talvez seja alguma fofoca do trabalho. Estarei na fofoca? Seria ótimo, mas com certeza não. O tédio da tarde foi interrompido por um flagrante! Parou seu olhar alguns segundos sobre mim. Esbocei um sorriso, o olhar doce voltou para o monitor. Alguma coisa, como uma cócega prazerosa, passeou no meu corpo e parou em algum lugar. A tarde avançou e ela não parece tão esvoaçante. Vou ficar bem perto dela outra vez. O pequeno aglomerado vai para escada. Sinto o perfume que passei a vê-lo acariciando-me.
— Olá. — disse eu.
— Oi! — respondeu como se perguntasse, por que isso?
— Está frio... — Cadê as palavras que havia ensaiado? Restou a ponte que salva muita gente: a meteorologia.
— Hum, Hum... — Disse ajeitando a blusa e olhando para frente.
Com a boca sem saliva e, mais uma vez sem graça, fui para o meu canto e ela seguiu o rumo dela.
(Jorge Lemos)
Silva Lemos
Enviado por Silva Lemos em 31/07/2013
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