UMA MARIA ENTRE AS MARIAS
UMA MARIA ENTRE AS MARIAS
A historia de hoje é doméstica, pois Maria da G. é minha empregada, casada com 5 (cinco) filhos menores, um marido(pedreiro) e mora na periferia. É negra.
É uma Maria entre as outras milhões de domésticas que também levam esse nome muito comum no país afora. Tem hoje registro na Carteira de Trabalho e paga-se também a sua parte do INSS. Ganha razoavelmente bem, acima do mínimo.Poucas horas de trabalho, ao contrário do corte de cana.
Nenhuma novidade que Maria tenha cinco filhos e veio do Nordeste para arrumar a vida aqui no sudeste e o número de filhos já é um dos indicadores ou indícios de que veio de longe, lá do Piauí.(A prole no nordeste é quase sempre numerosa). Estava desempregada e o último emprego foi de cortadora de cana na região, por aqui.
Pouco sabia de cozinhar e aos poucos foi se ajeitando, dando-lhe as oportunidades para se habituar no emprego e à situação. Temos que ter paciência com essa pobreza vergonhosa no país.
O que me espanta é o que falou... pois onde mora há tráfico de entorpecente adoidado e um movimento incomum nas ruas, onde gente de posse da cidade vai de carro do ano para encontrar com esses infelizes “pombos correios”a serviço do comércio de maconha, heroína cocaína e “crack”... além dos congêneres.Pessoal que perambula pelas ruas, alguns com radio comunicador, apitos e outras parafernálias para avisar quando a polícia se aproxima. Aí dizem: “está molhado”, é o código... pois a polícia está no bairro e todo cuidado é pouco. A polícia impõe um medo relativo.
Em um bate-papo informal e descontraído diz que na região impera a lei do silêncio, ou seja: “ninguém sabe, ninguém viu” e por vezes a polícia chega espancar alguns jovens suspeitos que chegam a ganhar trinta reais por dia. Qual o emprego formal ou informal que paga essa quantia por dia?
Por outro lado, há caravana de policiais que não vai reprimir e sim receber dinheiro(?) dos que fazem o tráfico e fica tudo como era antes. Os policiais vão embora levando o disponível. Há outros que só prendem,não negociam, mas logo está o indivíduo novamente na rua ou calçada fazendo tratativas com moto ou bicicleta, quando o usuário – já conhecido – aparece e disfarça recebendo o material desejado,entregando com a mão fechada o valor da mercadoria. A maconha já não é o produto de primeira linha na preferência geral e popular e sim o “ crack”, substância terrível que arrebenta com os neurônios de quem fuma...
Os filhos da Maria – nossa empregada – jamais saem à rua. Os donos “do pedaço” conhecem todo mundo e não perturbam aqueles que não se opõem ao tráfico. Há até ajuda mútua entre os trambiqueiros e a solidariedade é a palavra mais acertada/correta para quem usa e trafica nesse bairro, onde o estranho é visto com extrema reserva e cautela.
Maria tem uma irmã que chega tarde da noite em casa, em razão dos estudos e ninguém a aborda ou lhe importuna. Sabem que naquela moça daquela casa não há delatores... Ficam os soldados do crime noite e dia de vigília na região. São numerosos.
Essa história é real e qualquer semelhança com outra que você sabe ou já viu será mera coincidência...
Deus abençoe sua família e todas aquelas que vivem esse drama,diariamente.
UMA MARIA ENTRE AS MARIAS