Caneta Esferográfica
Caneta Esferográfica
Acordo.
Estou apreensivo.
Acho que me esqueci de alguma coisa, não sei.
Acho que esqueci. Hoje é um dia daqueles.
A prova! Sabia que estava esquecendo-me de algo. Droga tinha que ser no sábado tão cedo. Bem as Oito e meia, não chega a ser tão cedo assim. Tomo banho, escovo os dentes, tomo café.
Espera um pouco ainda são sete e quarenta e cinco. Tenho tempo. O celular toca. É engano. Como alguém me liga tão cedo e é engano. Droga já é mais de oito. Nossa, nem vi o tempo passar. Deus! Minha prova.
Aonde eu deixei minha caneta? Eu tenho uma caneta em algum lugar. Procuro desesperadamente. O relógio tic, TAC, tic, TAC. Minha caneta alguém pegou.
Eu sei eu tenho uma caneta eu ganhei de presente no natal passado. Repenso. Ou foi de aniversário? Não importa, eu sou quero a caneta, a bendita caneta. Estou atrasado. Olho o celular. Nossa estou muito atrasado. E onde está a caneta? Eu tenho prova. Faço pós-graduação. É eu sei. É legal. Hoje é minha primeira prova e eu não consigo encontrar a caneta. Aonde será eu coloquei a minha caneta.
O relógio nem conta mais ele voa. Estou atrasado. Desesperado.
Surpresa uma caneta! Não é minha, mas é uma caneta. Preciso ir. Depressa sigo na esperança de chegar a tempo, estou em cima do tempo, vencendo o tempo, rompendo o tempo. Queria matar o tempo, ou pelo menos quebrar o relógio do painel do carro. Cheguei! A tempo. Tiro a caneta do bolso. Bem recebido digo: - Vim fazer a prova da pós-graduação. A moça sorri. Siga-me. Ela diz. Ansioso prossigo. A sala refrigerada mostra um computador moderno, com a tela bem fininha parecia até uma folha de papel negra que refletia uma luz brilhante que me enchia de ansiedade.
Bem acho que não falta nada, estou com a minha caneta. Olho a moça de pé próximo a mim esperando que eu diga estar pronto. Pronto. Vamos fazer a prova? Ela sorri e com gentileza e descontração me diz: - Desta fez o senhor fará sozinho. Bem estou aqui, mas onde está a prova? Coloco a caneta sobre a mesa próxima ao computador. Ela deveria desligar o computador isso gasta muita energia. Ela retorna com um papel nas mãos, é a prova. Eu e minha caneta aguardávamos.
Ela me entrega o papel e diz:
- Está aqui.
Mas, esta não é minha prova não há questões aqui apenas um código numérico. Interrogativo.
- Algum problema senhor? Ela pergunta.
– E a minha prova?
Ela sorri. – Esta é a senha de acesso da prova na sua plataforma de estudo.
- Que mico. Minha pós-graduação é a distância, virtual, on line, enfim... Que mico.
Sorri, guardei a caneta no bolso, sacudi a cabeça em sinal de concordância e resolvi a prova na tela do computador, que parecia papel preto, mas que dispensava a minha caneta esferográfica preta.
Annieli Valério