O vinho.
O vinho.
Adentrou na adega. Uma infinidade dos melhores vinhos, encontravam-se ante seu olhar extasiado. Não tencionava prová-los, ansiava conhecer os segredos da arte de produzi-los. Talvez, quem sabe, poderia até sentir tentada, a tornar-se um sommelier num futuro. Vinhos a encantava - tantos aromas, sabores, verdadeiros néctares dos deuses; inebriantes em uma mistura de requinte e sedução.
Passou longo tempo entre rótulos e garrafas, desfrutando daquele ambiente climatizado, extasiada nesta penumbra de mistérios. Eis que, uma garrafa sedutoramente desperta a atenção. Olhou-a por longo tempo, faltava coragem para apanha-la. Parecia cara, rara, única… Pensou: um vinho destinado à Hera; fino, saboroso, sedutor... Não resistindo ao chamado, decide-se por apanha-la. Escolheria uma ocasião para prová-lo, mesmo que, para adquiri-la tivesse que pagar significativa quantia. Experimentou uma agradável sensação, de estar prestes a desfrutar de sabor inigualável, supremo, divinal...
E chegado o momento, prepara-se… Abre vagarosamente a garrafa, querendo prolongar a sensação de mistério.
Apanha uma taça, despeja apenas o suficiente para um pequeno gole. Antes de leva-la à boca, aproximou-a às narinas, o aroma pareceu-lhe delicioso...
Delicadamente a pousa nos lábios entreabrindo-os, deixa adentrar o néctar precioso...
Repentinamente, murcha. Surge uma sensação de desapontamento. Tão esperado momento, transforma-se em decepção. O deguste do fino e precioso vinho, revela-lhe um sabor já conhecido. O de tantos vinhos baratos adquiridos em qualquer local, onde se compra bebidas baratas...
Ema Machado