MODISMOS DA NOSSA LÍNGUA
MODISMOS DA NOSSA LINGUA PORTUGUESA
“Fere de leve a frase... E esquece... Nada
Convém que se repita...
Só em linguagem amorosa agrada
A mesma coisa cem mil vezes dita.” (Mario Quintana).
Nem sempre percebemos a forma como nos expressamos e surgem palavras, frases ou expressões que se tornam comuns no vocabulário popular e ditas não somente por pessoas de nível cultural mediano, mas também por intelectuais.
São os modismos que, conforme o Dicionário Aulete significa “Aquilo que está na moda e, portanto, é passageiro, efêmero”.
Há uma década, aproximadamente, em palestras, falas, artigos, reportagens foi incorporada ao nosso vocabulário a expressão “a nível de” condenada pelos gramáticos por não ter o purismo da língua portuguesa.
Tivemos a fase do uso da palavra “prazerosa” para exprimir algo realizado com êxito, com sucesso...
A palavra “sim” tão simples de ser pronunciada e escrita foi substituída pela expressão “com certeza” e, em algumas entrevistas também substituídas por “positivo”.
“““ E o que dizer de mais um modismo ensinado nos breves cursos de preparação do telemarketing – seria tão simples falar: “informamos”, em lugar de” vamos estar informando”;” vamos estar comunicando” que poderia ser dito simplesmente: “comunicamos”.
O mais novo modismo é: quando alguém faz uma pergunta e a outra pessoa, responde iniciando a fala com o advérbio “Então”, totalmente deslocado em se tratando de uma expressão conclusiva.
Não se trata de um erro das normas gramaticais. Os modismos vêm e vão de forma tão rápida que na maioria das vezes não passa de uma geração para outra, criando até situações hilárias entre pais e filhos ao usarem estes modismos. São maneiras de falar que, embora contrariem as regras da língua portuguesa são admitidas durante um período. Assim também se denominam os idiotismos, ou seja, expressões de determinadas línguas e que, literalmente, não têm tradução em outras línguas.
O professor Domingos Paschoal Cegalla, em seu Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa, registra algumas palavras ou expressões que, por serem modismos, deveriam ser evitadas. Para ele “um dos erros mais frequentes no uso da língua portuguesa no Brasil é o emprego do pronome pessoal lhe em vez de (o ou a) para complementar verbos transitivos diretos. Assim é que se ouve ou se lê frequentemente: eu lhe vi entrar em casa. / Deus lhe abençoe. / Presentearam-lhe com um colar de pérolas. / A grandiosidade do cenário lhes impressionou vivamente.”.
O professor Sérgio Nogueira diz: “Volta e meia surgem termos e expressões que caem no gosto popular e o brasileiro sai usando como se fosse alguma coisa superior, como se estivesse falando mais bonito e o mais incrível é que muitos desses modismos nascem entre pessoas consideradas intelectualmente cultas.” Continuando ele diz:” Existe uma regra natural em que, uma coisa, quando não usada, é esquecida, este é o caso da forma culta na gramática. E mais, o mesmo vale o contrário, se muito necessitada, acaba virando um vício, como os modismos”.
Para o professor, “o maior problema na gramática de muitos países neste século XXI é a globalização. Não importa o quanto os mestres, pedagogos e doutores em letras se debatam, as pessoas irão dar muito mais valor a uma língua internacional por uma questão de necessidade.” “Linguisticamente não há línguas difíceis ou fáceis”. Em geral, confundimos língua com gramática, falar com “falar corretamente”.
“É preciso uma revolução cultural para que a nossa língua falada e escrita possa ser apesentada com todo brilhantismo que ela merece, e esta revolução deve ser começada principalmente pelos meios de comunicação como tv e rádio, onde observamos muitas falhas na estrutura gramatical.” Finaliza com muita propriedade o professor Sérgio Nogueira.
Em 18 de junho de 2013
GSpínola