Eu sou a minoria
Tenho escutado muito na mídia que a “manifestação” do povo brasileiro é linda, mas deve ser sem violência. “Mas tem sempre uma minoria pra usar da “violência” e estragar tudo”. Bom, eu discordo completamente.
Dizem que estes protestos com “atos de violência” são mal vistos pela sociedade e enfraquecem o apoio popular. Por que tanta gente idolatra os protestos violentíssimos de Maio de 1968 em Paris? Só porque foi em Paris? Só porque estavam envolvidos pensadores, filósofos, cineastas, artistas? (fotos abaixo)
Por que na Europa o quebra quebra não prejudica o movimento? Por que só aqui é mal visto?
O governo há anos nos ataca com cortes na educação, fechando hospitais, diminuindo salário de docentes, não dando uma gota de segurança, desviando dinheiro da merenda das crianças, deixando gente morrer de gripe por falta de vacina. A polícia há anos nos ataca com balas de borracha, bombas de gás, spray de pimenta. Na verdade, chega a ser patético quem responde entregando flores pra policiais, se vestindo de branco e pedindo PAZ. Eu to de saco cheio dessa paz!! É exatamente isso que o governo quer. Que estejamos em paz! Em casa!! Vendo futebol na TV que ganhamos no Bolsa Família! Que não nos indignemos!
Meu protesto é esse. Aliás, isso é PROTESTO, e aqui faço uma diferenciação. Caminhar pacificamente é MARCHA, PASSEATA. Protesto é uma reação. Uma maneira pública de que suas opiniões sejam ouvidas em uma tentativa de influenciar os governantes! Não da pra demonstrarmos nossa insatisfação só caminhando e vestindo roupas brancas. Não dá mais! Chega! Basta! Chegou num limite que, pro governo se tocar, pros governantes terem medo do povo, temos que apelar pra depredação. Eu não queria que fosse assim, mas é!! E tenho certeza, queimar um ônibus, queimar um contêiner, pichar um patrimônio público dói muito menos que um tiro de bala de borracha no olho, e é assim que eles se defendem. E também, se o governo pode gastar bilhões pra arrumar um estádio (que, diga-se de passagem, nunca mais vai ser usado por grandes clubes) não custa muito pra arrumar os “estragos” que fizemos para demonstrar nossa insatisfação. Prefiro que meu dinheiro vá para limpar as pichações do protesto do que para construir estádio de time que nem é o meu.
Agora, violência gera violência, e isto que tu estás vendo é só o acúmulo de anos que viemos sendo violentados. E é só o começo. Não acho certo destruir patrimônios privados, bancos, casas, saquear lojas... mas temos que responder à altura contra a polícia, com pedras, paus, molotovs, queimando ônibus, quebrando janelas de prédios públicos. Em todos os protestos que fui, nunca vi um “manifestante” começar a pancadaria. A fúria de quem estava protestando começa quando atiram uma bomba de gás, um tiro pro ar, uma bala de borracha, um jato de spray de pimenta na cara. Não podemos responder com paninhos e florzinhas. Eles têm que sentir medo da população. Só assim vamos mudar os que estão lá, no governo. Os caras vão precisar ter "huevos" pra se candidatarem.
E no final, todos pedem o protesto pacífico mas, tu sabe, eu sei, eles sabem, que o que sai no jornal, o que faz a diferença, o que vai intimidar o governo e fazer com que eles mudem, é a tomada à força da Esplanada dos Ministérios, é a queima dos contêineres, é a troca de agressões com a polícia covarde. No final, os mesmos que criticam os manifestantes “violentos”, que chamam eles de bandidos, estes mesmos críticos dizem que foi linda a imagem do povo na Esplanada, que nós temos que impor medo no governo, que nós temos que tomar as ruas. É, pra dizer o mínimo, hipocrisia. Prefiro muito mais demonstrar a insatisfação e responder à violência policial trancando uma rua com um contêiner queimado do que colocando uma flor numa arma que, muito provavelmente, daqui a pouco vai estar soltando um tiro na cara de alguém.
Essa é minha guerra! Eu sou essa minoria que briga! Guerra com flor, amigo, só no truco!
Respeitando quem discorda e quem luta pacificamente, assino e dou fé:
Fábio Leonel Grehs
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