Faltam poesias, e amor, o resto é delírio
Está faltando poesia. Morreram os romancistas, e nem sequer deixaram descendentes.

Os loucos silenciaram como Bandeira. E o mundo se desfez, junto com Pasárgada. Quintana não mais amou. Mário de Andrade se calou. E Clarice, ah Clarice.
A prosa linda se foi junto com Vinícius, as frases de carinho, típicas de Cecília, se perderam. E de Meireles, que saudades.
Está faltando paixão. Aquela que Oswald delineava. A paixão que se aclamava, na semana de 22.
Falta a magia, a fala poética, a nudez atrevida. O olhar de veraneio, a casa vazia, a chuva caída.

Que saudades de Drummond, e suas rimas de amor: “Amor é primo da morte, e da morte vencedor, por mais que o matem (e matam), a cada instante de amor.”
Acabou-se. Morreram os bardos, e com eles o mundo. E de Neruda, o mundo não tem mais nada.
Fernando Pessoa: “Porque quem ama nunca sabe o que ama. Nem sabe porque ama, nem o que é amar” Se foi o amor, e também a sua prosa.
Os amantes e cantores se perderam nas lembranças. Chico, Caetano, Caymmi...

Está faltando poesia. Morreram os romancistas, e nem sequer deixaram descendentes, se foram os sãos e ficaram os delirantes.
E de pensar que Fernando era o romântico, que se palpava, e aclamava o amor. E pensar que ele se foi e deixou no tempo as dicas de uma vida, palavras, coração, e amor:
“Se perder um amor... não se perca!
Se o achar... segure-o!
Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala.
O mais... é nada.”
Está faltando poesia, e mais nada.