O BONDE

O BONDE

O bonde desliza sobre o trilho de ferro que parece brotar do asfalto, em viagem de volta ao passado na metrópole da Amazônia. No caminho do velho transporte palácios, igrejas, sobrados, marcas do barroco de Landi. De repente! Após a curva tesouro arquitetônico mostra o velho forte onde tudo começou.

E o bonde segue seu caminho movido por energia ecologicamente correta, nunca dantes imaginada, tal qual no passado quando Belém foi pioneira a inovar a força motriz, eletrificando o veiculo urbano.

O passeio histórico continua; Condutor, motorneiro e passageiros, de bermuda boné e camiseta bem a vontade no calor tropical. Diferentemente da época distante em uniforme engalanado de casimira inglesa com botões de metal dourado, paletó de linho irlandês, panamá de palinha, e bengalas adornadas, saias compridas e comportadas em sedas, rendas e tafetás importados, dando charme europeu ao sonho de Lemos.

Antigos casarões da Belém Lemista mostrando a pujança de uma era. Velhos clippers e quiosques não existem mais, Lampiões de gás! Somente na memória das letras, nas lentes e pinceis dos artistas que por aqui passaram registrando o cenário de uma época.

Vejo diante de mim sentado, os olhos marejados do octogenário em meio a emoções sentidas, com as ternas lembranças da juventude vivida nas viagens cotidianas da Belém de outrora.

ACM Cavalcante
Enviado por ACM Cavalcante em 14/06/2013
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