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A MENINA QUE AMAVA FLORES...

O velho ônibus seguia por esburacada estrada e se dirigia no rumo de pequena cidade no sul dos Estados Unidos, e, dentro dele, um homem com belo buquê de flores no colo era insistentemente observado por uma menina, que estava no outro banco ao lado do sujeito, a qual não tirava os olhos das lindas flores.
Depois de certo tempo, o homem passou a se sentir incomodado pelo olhar da menina que namorava as flores.
Tempos depois, o homem deu sinal, levantou-se e fez menção de sair, todavia olhou para a menina que não desgrudava olhar das flores, e entregou o buquê à mesma, dizendo:
- Minha mulher ficará feliz sabendo que o dei a você! E desceu do ônibus em direção ao portão de velho cemitério que havia na beira da estrada.
Certa feita, numa palestra do admirável mestre hindu J. Krishnamurti, alguém da plateia indagou:
- Quero a paz no mundo. Abomino a guerra. O que posso fazer para ajudar a alcançar a paz?
- Pare de ser a causa da guerra, respondeu Krishnamurti.
O interpelante ficou perplexo.
- Não sou a favor da guerra. Só quero a paz!
Krishnamurti sacudiu a cabeça.
- Dentro de você está a causa de todas as guerras. É sua violência oculta e negada, que conduz às guerras de todo tipo, seja dentro de seu lar, contra outros na sociedade ou entre nações...
Sua resposta nos deixa incomodados, mas acho que é verdadeira, pois há uma citação védica proclamando:
- Você não está no mundo. O mundo está em você!
Se é assim, portanto, a violência do mundo está em cada um de nós. Imaginemos se aquele homem, incomodado com o olhar da menina que gostava de flores, tivesse tido reação violenta e perguntasse para ela:
- Nunca me viu? Ou, que está olhando? E até mudasse de lugar...
Quanta decepção não sentiria a menina, fazendo mau juízo do sujeito.
Entretanto, através de sua ação bondosa, introjetou no espírito da garotinha o sentimento da gratidão, da simpatia, da bondade.
Aliás, pode ser que o espírito da esposa, que, é certo, não morava no cemitério, ali estivesse inspirando-o ao gesto e, de fato deve ter ficado feliz...
Assim, é bom meditarmos que, depende de nós a guerra ou a paz. A violência oculta que trazemos na intimidade precisa ser transformada em atitudes que levam à paz e não às guerras de todo tipo e dimensões.
De reações violentas no tocante a pequenas coisas surgem motivos para que, gradativamente, vá-se dando azo ao surgimento de conflitos que acabam em tragédias lamentáveis, quais as que enxameiam diariamente nos noticiários.
Mas, aquela garotinha amava flores e, quem ama flores certamente conduz a paz no íntimo, e assim contribui para a paz no mundo...
PEDRO CAMPOS
Enviado por PEDRO CAMPOS em 10/06/2013
Reeditado em 10/06/2013
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