SUDÁRIO DO AMOR 


Ele me avisou pelo mesmo MSN que vínhamos conversando 
já algum tempo.
Domingo, vou para Maceió juntar-me á minha esposa e às crianças para o final das nossas férias
Caso você queira me conhecer, o que eu ficaria muito feliz, estarei nesse domingo no aeroporto Tom Jobim, das 10:45 
até 11:55, horário que farei minha conexão, concluiu.
Meu marido e nosso casal de filhos, estirados na cama vendo a corrida de fórmula 1, sequer notaram que peguei as chaves 
de meu carro e voei para o aeroporto. É perto.
De frente para mim, ao longe, eu via em dia de sol aberto a figura majestosa do Cristo Redentor de braços abertos. 
De frente para mim, bem pertinho eu via aquele homem de 
meia idade, de aparência agradável, bem vestido, também de braços abertos para mim.
Caminhamos um ao outro, e sem uma palavra nos abraçamos por um tempo diferente dos abraços comuns.
Nos entrelaçamos. Alguma magia estava naquele abraço. Nos invadiu.
Suavemente, ele me tomou pela mão, e nos conduzimos ao estacionamento onde eu tinha deixado meu carro. Á frente, 
uns arbustos sombreavam meu carro e uma caminhonete que estava ao lado. Ficamos entre ambas.
O abraço voltou, foi involuntário. Senti meu corpo tremer. Minhas pernas fraquejavam.
A tensão e o medo atormentavam minha cabeça. Aquele homem, atormentava meu corpo.
Em segundos aquelas mãos fortes e suaves escorriam pelo meu corpo, coberto com um fino vestido de crepe verde, salpicado com estampas suaves de rosas. Aqueles dedos me tangiam como um arco de Stradivarius , tirando as mais lindas e suaves notas musicais.
Eu me entregava. Meus braços entrelaçados no corpo dele, puxava-o para meu peito.
Sentia uma emoção tão forte que o tempo parou. O mundo parou.
Não demorou sequer três minutos, e senti sua mão direita subindo por minha coxa.
Delicadamente, puxou minha calcinha para um lado, e sem permissão ou pedido aceitou minha entrega. Nos afastamos levemente, ele tomou minha perna e descansou meu pé no estribo da caminhonete. Um silêncio de aeroporto fechado, rondava nossa volta.
Só sussurros e gemidos contidos e abafados saiam de nós.
Satisfeitos, ainda abraçados, vi-o retirar um lenço de linho branco de seu bolso, e carinhosamente comprimia e absorvia o suor e o resultado no meu sexo.
Eu via estampado naquele pano um sudário do amor.
Guardou o lenço, repôs minha calcinha no lugar, guardou-se, fechou o zíper.
Um novo abraço, mais lento, mais carinhoso mais silencioso ainda nos separou.
Uma palavra não foi dita. Não precisou.
Agora, estou aqui sentada em frente a esse monitor, pasma, incrédula.
Não viram eu retornar, não sentiram minha falta. 
A corrida ainda continua.
Não sei o que dizer. 
Não tenho a quem dizer. 
Não sei o que fazer.
Só sei que quero mais.

Augusto Servano Rodrigues
Enviado por Augusto Servano Rodrigues em 29/03/2007
Reeditado em 27/08/2007
Código do texto: T430191
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