* Daniel, saindo da loja de CDs, não disfarçou a emoção quando olhou para o salão de beleza localizado no outro lado.
Lá estava ela!
Depois de três anos, Selma permanecia tão encantadora!
 
Selma, no dia do término, expressava grande nervosismo.
Daniel queria entender o porquê do fim.
Havia alguém?
Seria a pressão dos pais porque ele não conseguia emprego?
Selma não esclareceu o motivo, mas pediu que o rapaz não voltasse a procurá-la, não telefonasse, não mandasse recados através dos amigos, enfim, desaparecesse.
Apesar de muito confuso e triste, Daniel obedeceu.
 
** O narrador ousa questionar o pedido da moça.
É comum quem rompe a relação propor o afastamento total.
A intenção é exercitar a frase “O que os olhos não vêem, o coração não padece”.
Eu acho que há uma grande covardia nessa escolha, pois tentamos abafar uma semente que deseja brotar e ganhar força.
Por que lutar contra o sentimento?
Por que não ceder e aceitar os impulsos do coração?
 
* Retomando a narrativa, Daniel observava Selma de costas, mas a bela jovem certamente continuava fascinante.
Parado próximo a um poste, segurando uma sacolinha com o CD que comprou, ele suspirava.
“Teria sido orgulhoso não mais procurando Selma?”
Não faltou o gostar profundo e verdadeiro, no entanto o moço sempre lastimou atitudes passionais.
Na opinião dele, não devemos insistir se a outra pessoa não quer.
 
Recordou o primeiro beijo.
O barulho das ondas suaves foi esquecido pelo casal.
Eles estavam numa praia.
O sol da tarde desaparecia.
Poucas pessoas havia no local, porém eles não notavam ninguém.
Primeiro um beijo meio tímido, depois mais um, mais um, outro...
O mundo poderia acabar naquele instante.
O porvir do romance sugeria uma felicidade duradoura.
Na frente deles o mar imenso e maravilhoso testemunhava a vontade de amar sem nunca cansar.
 
Daniel resolveu atravessar, mas, antes de concluir a travessia, percebeu um rapaz surgir rápido adentrando o salão e cumprimentando Selma.
Ela permanecia de costas, contudo foi possível conferir a descontração e boa receptividade dela.
Daniel, já no outro lado da rua, disfarçou e seguiu na direção contrária.
Virando a esquina, olhou para trás, viu duas senhoras saindo do salão.
 
* _ Que rapaz, Pedrinho?
_ O rapaz o qual estava te observando, Selma! Eu desisti de comprar o CD, resolvi entrar aqui, pois parecia que ele estava vindo falar contigo.
_ Deve ter sido uma cisma boba sua, querido! Se eu estava de costas, ele observava outra pessoa do salão.
_ Não!  Ele olhava pra você! O cara estava totalmente hipnotizado.
 
* Daniel chegou ao local de trabalho calado e com a mente distante.
Ele imaginou o quanto Selma estaria linda, ficou pensando no que teria dito à moça, questionou se ela reagiria com carinho ou desdém.
Logo recordou a aparição do provável namorado.
Daniel tentou se distrair realizando sua atividade profissional.
O intervalo dedicado ao almoço acabara.
Cinco minutos depois, o telefone da mesa tocou, ele atendeu:
_ Alô!
_ Oi, Daniel! Tudo bem?
_ Tudo bem, Carlinha!
_ Mais tarde  vou ao salão perto do seu trabalho. Você me pega lá?
 
**
 
Um abraço!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 18/05/2013
Reeditado em 18/05/2013
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