A MAQUINA DE CAFÉ

Ate os dias de hoje, sou sempre eu quem faz as compras de casa, acho na verdade que acabei por me acostumar com isso, pois desde moleque, era eu quem tinha de ir ao mercado ou a mercearia, às vezes estava no melhor da brincadeira e minha mãe me chamava, às vezes ficava aborrecido, pois meu irmão sempre acabava fazendo corpo mole ou dizendo logo que não ia e pronto, daí eu me sentia incomodado e acabava indo fazer as benditas compras.

Certo dia sai com minha tia Telma, e fomos a um açougue, que ficava bem no térreo de um edifício, que durante muito tempo foi considerado o maior de Belém, era o Manoel Pinto da Silva, nome típico de português, que por coincidência o tinha construído, ate hoje ainda existe e fica localizado em frente a Praça da Republica , bem no centro de Belém.

Nessa época eu devia ter uns sete anos e enquanto minha tia comprava as carnes, eu passeava pelo açougue, passava a mão aqui, a mão ali, ia fuçando tudo que nem um bichinho que esta conhecendo o terreno, e nesse vai e vem, derrepente me deparo com uma maquina fantástica que o homem do açougue estava acabando de usar, prestei toda a atenção possível, era uma maquina de moer café, fiquei encantado, pois o homem colocava os grãoszinhos e logo depois saia o pozinho do café, cheiroso, tão bom que acabou por me hipnotizar.

Esperei o funcionário se afastar e não resisti, apertei naquele botãozão vermelho e enorme, que de uma forma silenciosa me implorava para ser pressionado, sendo assim, atendi ao chamado e taquei o dedinho, quando derrepente a mágica se realizou, os grãos de café foram virando pó e ia enchendo o saquinho que estava em baixo, para apará-lo, só que teve um probleminha o saco era pequeno e ficou logo cheio, daí o café começou a cair pela maquina e a se espalhar pelo chão, era café para todo lado, era funcionário correndo para desligar a maquina, minha tia me puxando pelo braço e o pior de tudo, o botão da maquina emperrou e ate que se tivesse tido a idéia de desligar a maquina, puxando o fio da tomada, já tinha café para todo lado, minha tia foi pegando sua carne e fomos saindo de fininho, tomei um ralho como era de se esperar, mas logo em seguida ela deu umas boas gargalhadas da situação.

Hoje já se passaram mais de 30 anos e sou homem feito, tenho meus filhos e continuo a ir fazer as compras, as maquinas de moer café, deixaram de existir, mas tenho de confessar, sempre que vou por ai e vejo aquele botão vermelho me chamando, implorando por meu aperto, da uma comichão no dedinho........

Tony Monteiro
Enviado por Tony Monteiro em 08/05/2013
Reeditado em 18/05/2013
Código do texto: T4280869
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