CONDOR - COM DOR
CONDOR _ COM DOR
“Lembro-me do passado, não com melancolia ou saudade, mas com a sabedoria da maturidade que me faz projetar no presente àquilo que, sendo belo, não se perdeu.”
(Lya Luft)
“O Condor é uma ave que desde seu nascimento está destinado a alcançar as maiores altitudes, mas jamais conseguirá isso se enquanto ainda jovem e frágil não tiver a coragem para lançar-se ao espaço e alçar o primeiro vôo”. (Augusto Branco)
Condor – dos – Andes é a maior ave voadora do mundo em tamanho, tendo uma envergadura de até 3,2 metros. Pesa cerca de 12 kg, de cor escura, assemelhando-se ao urubu outra ave que pode ser encontrada principalmente no continente americano e muito comum em terras brasileiras. A condor é o símbolo da Bolívia, Chile, Colômbia e Equador, compondo os Brasões desses países.
Na verdade não é da ave Condor que quero falar, mas do trocadilho que o brasileiro com o seu jeitinho de fazer humor com tudo. Quando a pessoa atinge uma idade avançada e sente algumas dores, costuma-se dizer: “Está na idade do Condor”, ou melhor, está na” idade do COM DOR”.
Enquanto jovem tinha uma flexibilidade enorme, nada doía; passava a noite na balada, corria atrás do trio elétrico e se surgisse outra programação estava pronta para “encarar”...
Depois dos quarenta tudo começou a mudar. Continuei me esforçando para fazer tudo da mesma forma, mas, ledo engano! Embora não fosse fácil admitir que fosse ficando mais lenta, pensava mais antes de me aventurar a passar uma noite na balada. Sentia que o sono e o cansaço batiam mais cedo e o corpo pedia uma parada técnica.
Hoje a realidade é outra. Tudo dói. A cervical, a lombar, os braços, os joelhos, as mãos, os pés, em fim, fico a pensar: preciso trocar o colchão, o travesseiro, emagrecer, fazer mais atividade física? Ir ao médico? Que nada, bom mesmo era poder voltar no tempo...
Mas, conforme o ditado popular “quem procura acha”; decido ir ao médico; ele me examina me faz uma bateria de perguntas, passa um lote de exames e depois me olha e diz:” precisa emagrecer”! isto não é novidade, me conte outra! Já não basta o marido, os filhos, os sobrinhos, os vizinhos, o espelho dizerem a mesma coisa!
E assim vou incorporando aquela ave dentro de mim, pois a cada ano que passa a “idade do Com Dor” aumenta.
E como não bastasse o aparecimento das dores tenho que enfrentar olhar para o espelho e ver que cada dia surge mais uma ruga, os braços, as pernas, as coxas não são mais os mesmos, tudo amolece. É um horror!
Se por um lado é divertido, por outro nos dá um alerta importante: precisamos aprender a conviver com o processo do envelhecimento, cuidando da saúde física e mental para usufruir o que a vida nos dá de bom; viver o hoje, o agora.
E que venham as dores, com elas eu me entendo. E que a “idade do Com Dor” dure muitos e muitos anos!
Em 10 de abril de 2013
GSpínola