Doce Lar
Um breve retrato daquela época: O sol de abril penetrava sem permissão as frestas da antiga janela de madeira. Deitado de barriga para cima eu podia ver ate as partículas de poeira no ar daquele quarto, pensando no quão bom era viver ali. O ambiente sempre cheirava café. Detalhes rústicos espalhados por toda parte, um tapete de “bem-vindo” feito a mão, fotos da viagem de primavera, serenidade. Sentava na minha poltrona e comentava comigo mesmo sobre o clima ou sobre a porta que estava sempre rangendo. Ás vezes sentia necessidade de companhia, outrora, não. Seja como for, eu era feliz, me recordo. Piano, poltrona antiga, rádio-relógio, suéter vermelho, jornal, lareira, contas á pagar, minha coleção de canetas, felicidade. Ah meu bem, este era meu doce lar.