Xô,tucano!
A Semana Santa foi do jeito que havia planejado.Eu, alguns familiares e amigos fomos para meu refúgio em Jabó.Tenho ido lá semanalmente, pois a demanda com o pomar e os canteirinhos de hortaliças recém-plantados exigem os meus cuidados.E como faço isso com gosto!
Quem é ligado à natureza sabe que não existe Páscoa sem cheia, isto é, nessa época do ano, quando comemoramos a mais importante data para o cristianismo (Paixão,Morte e Ressurreição de Cristo), a Lua é sempre cheia.É como se ela também quisesse reverenciar o Criador.E como sou apaixonada por essa fase da Lua, fiquei à espreita, esperando a sua aparição no céu. Ninguém mais se preocupava com ela, todos se entretinham numa boa conversa,mesclando os assuntos com uma boa bacalhoada,um bom tira-gosto e uma cervejinha bem gelada.Eu curtia tudo isso, mas nunca deixava de correr os olhos pelo céu à sua procura.Até que a vi linda e sedutora na noite de quinta-feira.
Depois de admirá-la a contento e de deixar a minha emoção aflorar e viajar em direção a outros lugares,tratei logo de fotografá-la na tentativa de eternizar a sua beleza.Em seguida me juntei aos amigos e tentei curtir o momento, me concentrar nos assuntos que surgiam, apesar de que o luar insistia em me conduzir para fora dali.
Sexta-feira amanhecendo, tratei de incorporar a roceira que há em mim e fui dar atenção aos canteiros de hortaliças ,carentes do meu cuidado.E assim foi a maior parte do tempo, dividindo a minha atenção entre pessoas, casa, cozinha e terra.Gosto disso.
A semana transcorreu calma,leve com o clima de outono dando um gostinho a mais: noites cálidas e dias com um solzinho preguiçoso, além da chuvinha que caiu mansamente boa parte do tempo.Teve também momentos em que os trovões e relâmpagos assustaram bastante,fazendo a energia elétrica desaparecer.Apesar do susto momentâneo, a gente se virou espalhando velas por toda a casa e, no varandão onde todos se juntaram para curtir o violão do nosso artista convidado, tudo se tornou ainda mais romântico e aconchegante.
A última noite em Jabó foi deliciosa.Ao som da melhor MPB, entremeada de blues e o melhor dos Beatles, não percebemos o passar das horas.Eu ainda vasculhava o céu,à espera de uma nova aparição da Lua, mas nada.Acho que ela se recolheu ao ouvir músicas tão lindas, tão impregnadas de amor.Deve ter sido a saudade que falou mais alto e ela preferiu brilhar em outros sítios...
Final de noite, o violeiro e sua turma foram embora.E os ficantes, bem cansados, resolveram que o melhor era o descanso.
Foi aí que o inusitado aconteceu.
No inicio da manhã de domingo, por volta das cinco horas, acordei sobressaltada por um forte barulho, que lembrava marteladas numa bigorna.Pulei da cama e chamei as outras pessoas que estavam dormindo.A minha pouca coragem não me permitia ir sozinha averiguar o que era. Fomos para o lado de fora da casa,exatamente de onde ouvi o forte barulho, que era a janela do meu quarto, e pudemos ver já voando longe um pássaro de porte médio e colorido que lembrava bem um tucano.
Depois do susto, vimos que a ave tentara passar pela janela e investiu várias vezes contra a mesma com a força do seu bico.As provas estavam lá: farelos de madeira no parapeito e uma rachadura na vidraça.
Constatado o fato, tratei de preparar o café da manhã e, intrigados, eu e meus convidados, passamos a fazer conjecturas sobre o ocorrido.Seria um tucano mesmo? (espécie comum na região), um pica-pau,outro pássaro qualquer?
Passamos então a percorrer todo o exterior da casa em busca de novas pistas.E comprovamos outros estragos em outras janelas ( mas bem menos do que o estrago feito no MEU quarto!).Então tratei logo de conversar com o moço que ainda está trabalhando no terreno, numa nova construção, para saber o motivo dessa invasão tucana.Mas não obtive reposta.Mesmo morando na região, ele disse que nunca presenciara tal fato.Que talvez fosse a queimada feita ali perto que estava provocando esse fenômeno.Explicação bem plausível, uma vez que o desrespeito à natureza está afetando as aves e todos os animais de forma cruel e impiedosa,mas... por que só nas minhas janelas? O meu funcionário me garantiu que em tantas outras casas com janelas e portas de madeira em nenhuma aconteceu um ataque de tucanos.Então parei pra pensar e cheguei à seguinte conclusão:
Não é que os danadinhos descobriram minha opção política? Afinal, como a prosa sempre é muito boa no varandão de minha casa, e costuma varar a madrugada, a família tucana deve ter assuntado qualquer coisa e, por pura retaliação, resolveu me assustar.E como a tucanada é especialista em pregar susto , não é que lograram êxito?Rsrsrsrsr
Mas vou logo avisando.Essa coisa de TUCANO agir na calada da madrugada,usando seu bico para fazer estrago e fugindo em altos voos quando pego em flagrante....Sei não.A gente já viu isso e conhecemos o antídoto.
Então, só posso dizer Xô, tucano! Vai bicar em outras freguesias.
Obs: Conotação política à parte, o caso é verdadeiro.Apesar do susto, quero mais que os belos e majestosos tucanos continuem embelezando a natureza.Se a turma do desmatamento permitir,é claro.
A Semana Santa foi do jeito que havia planejado.Eu, alguns familiares e amigos fomos para meu refúgio em Jabó.Tenho ido lá semanalmente, pois a demanda com o pomar e os canteirinhos de hortaliças recém-plantados exigem os meus cuidados.E como faço isso com gosto!
Quem é ligado à natureza sabe que não existe Páscoa sem cheia, isto é, nessa época do ano, quando comemoramos a mais importante data para o cristianismo (Paixão,Morte e Ressurreição de Cristo), a Lua é sempre cheia.É como se ela também quisesse reverenciar o Criador.E como sou apaixonada por essa fase da Lua, fiquei à espreita, esperando a sua aparição no céu. Ninguém mais se preocupava com ela, todos se entretinham numa boa conversa,mesclando os assuntos com uma boa bacalhoada,um bom tira-gosto e uma cervejinha bem gelada.Eu curtia tudo isso, mas nunca deixava de correr os olhos pelo céu à sua procura.Até que a vi linda e sedutora na noite de quinta-feira.
Depois de admirá-la a contento e de deixar a minha emoção aflorar e viajar em direção a outros lugares,tratei logo de fotografá-la na tentativa de eternizar a sua beleza.Em seguida me juntei aos amigos e tentei curtir o momento, me concentrar nos assuntos que surgiam, apesar de que o luar insistia em me conduzir para fora dali.
Sexta-feira amanhecendo, tratei de incorporar a roceira que há em mim e fui dar atenção aos canteiros de hortaliças ,carentes do meu cuidado.E assim foi a maior parte do tempo, dividindo a minha atenção entre pessoas, casa, cozinha e terra.Gosto disso.
A semana transcorreu calma,leve com o clima de outono dando um gostinho a mais: noites cálidas e dias com um solzinho preguiçoso, além da chuvinha que caiu mansamente boa parte do tempo.Teve também momentos em que os trovões e relâmpagos assustaram bastante,fazendo a energia elétrica desaparecer.Apesar do susto momentâneo, a gente se virou espalhando velas por toda a casa e, no varandão onde todos se juntaram para curtir o violão do nosso artista convidado, tudo se tornou ainda mais romântico e aconchegante.
A última noite em Jabó foi deliciosa.Ao som da melhor MPB, entremeada de blues e o melhor dos Beatles, não percebemos o passar das horas.Eu ainda vasculhava o céu,à espera de uma nova aparição da Lua, mas nada.Acho que ela se recolheu ao ouvir músicas tão lindas, tão impregnadas de amor.Deve ter sido a saudade que falou mais alto e ela preferiu brilhar em outros sítios...
Final de noite, o violeiro e sua turma foram embora.E os ficantes, bem cansados, resolveram que o melhor era o descanso.
Foi aí que o inusitado aconteceu.
No inicio da manhã de domingo, por volta das cinco horas, acordei sobressaltada por um forte barulho, que lembrava marteladas numa bigorna.Pulei da cama e chamei as outras pessoas que estavam dormindo.A minha pouca coragem não me permitia ir sozinha averiguar o que era. Fomos para o lado de fora da casa,exatamente de onde ouvi o forte barulho, que era a janela do meu quarto, e pudemos ver já voando longe um pássaro de porte médio e colorido que lembrava bem um tucano.
Depois do susto, vimos que a ave tentara passar pela janela e investiu várias vezes contra a mesma com a força do seu bico.As provas estavam lá: farelos de madeira no parapeito e uma rachadura na vidraça.
Constatado o fato, tratei de preparar o café da manhã e, intrigados, eu e meus convidados, passamos a fazer conjecturas sobre o ocorrido.Seria um tucano mesmo? (espécie comum na região), um pica-pau,outro pássaro qualquer?
Passamos então a percorrer todo o exterior da casa em busca de novas pistas.E comprovamos outros estragos em outras janelas ( mas bem menos do que o estrago feito no MEU quarto!).Então tratei logo de conversar com o moço que ainda está trabalhando no terreno, numa nova construção, para saber o motivo dessa invasão tucana.Mas não obtive reposta.Mesmo morando na região, ele disse que nunca presenciara tal fato.Que talvez fosse a queimada feita ali perto que estava provocando esse fenômeno.Explicação bem plausível, uma vez que o desrespeito à natureza está afetando as aves e todos os animais de forma cruel e impiedosa,mas... por que só nas minhas janelas? O meu funcionário me garantiu que em tantas outras casas com janelas e portas de madeira em nenhuma aconteceu um ataque de tucanos.Então parei pra pensar e cheguei à seguinte conclusão:
Não é que os danadinhos descobriram minha opção política? Afinal, como a prosa sempre é muito boa no varandão de minha casa, e costuma varar a madrugada, a família tucana deve ter assuntado qualquer coisa e, por pura retaliação, resolveu me assustar.E como a tucanada é especialista em pregar susto , não é que lograram êxito?Rsrsrsrsr
Mas vou logo avisando.Essa coisa de TUCANO agir na calada da madrugada,usando seu bico para fazer estrago e fugindo em altos voos quando pego em flagrante....Sei não.A gente já viu isso e conhecemos o antídoto.
Então, só posso dizer Xô, tucano! Vai bicar em outras freguesias.
Obs: Conotação política à parte, o caso é verdadeiro.Apesar do susto, quero mais que os belos e majestosos tucanos continuem embelezando a natureza.Se a turma do desmatamento permitir,é claro.