Eu de Nada
Há bem tempo que não ficava sozinho. Ainda por cima numa sexta. Se a companhia não está, na rua, por sua vez, transbordam opções para bares e conversas. Mas o jeito é pra ficar em casa. Nem as estrelas, nem o friozinho, nem... Cairia bem umas taças. Mas hoje tá difícil até pra ser eu com os outros de mim. Sem viagens, sem rua, sem bebida, sem outros eus. Hoje sou um sem-eu. Vontade de morrer, não há. De viver, menos ainda. Um neutro, gelo das estrelas, vidro do copo...A gaita bem que podia gemer isso, mas hoje sou sem-pulmão e coração. E não foi a merda do trabalho, e não foi briga conjugal, e não foi fígado azedando a boca, e não foi nada. Aliás, se há alguma coisa hoje é o nada, ou melhor, um eu de nada.