CONVALESCENÇA E CURA.
Queridos amigos e amigas.
Estou ficando velho e me tornando repetitivo, o que é, realmente, uma tragédia!
Com a maior cara-de-pau, conto a mesma estória repetidas vezes e sempre acho que é inédita. Mas tem um velho ditado que, como os demais, tem a virtude de sempre ser atual e que diz; "o nada e o tudo dependem da necessidade e da ótica de cada um". Tentei lembrar o nome do autor deste pensamento e não encontrei, o que me leva a crer que, loucamente, eu o inventei neste exato momento, o que dá bem a ideia do grau de senilidade em que me encontro.
Para alguns, que já conhecem a estória, vou, realmente, ser repetitivo, mas para os demais, entretanto, este comunicado vai ter a pretensão de ser inédito.
Estive, lastimavelmente, inerte durante mais de uma quinzena.
Execrei o Saci, meu inestimável computador, chameio-o de nomes impublicáveis, chutei o seu traseiro inúmeras vezes, ameacei atirá-lo da varanda dentro da piscina, quilometros abaixo, porém o coitado padecia mesmo era de indigestão, seu verdadeiro mal, resultado da grande quantidade de lixo cibernético que era obrigado a engolir.
Nosso amigo comum, Sir John Snows, caríssimo esposo da duquesa Ana Flor do Lácio, eminente poetisa do RL, munido de sua valise mágica, atendeu prontamente ao meu aflito chamado e submeteu o coitado do Saci a uma bateria de exames e retirou do seu (do Saci) bojo uma quantidade enorme de toxinas, numa apoteótica diálise.
Saiu do coma o velho amigo, abriu seus leds e ainda ofuscado pela brusca claridade, ensaiou um pequeno sorriso virtual e se dispôs a reiniciar seu trabalho, num supremo esforço para agradar seu mestre e senhor, mas continuava claudicante. A febre por que passara, possívelmente alterara seus circuitos cerebrais, que ainda procuravam a devida arrumação perdida. Demonstrava grande vontade de agir vigorosamente, mas, de repente, vacilava, fraquejava, tinha lapsos de memória, trocava amiúde de sintonia, delirava, seguia rumos não ordenados, enfim, literalmente, surtava.
Eu, um idoso infeliz, ficava restrito aos programinhas já decorados pelo amigo Saci e procurava alegria nos joguinhos manjados de paciência e nos de "objetos ocultos", velha mania, mas não conseguia achar o caminho que levava ao Recanto das Letras ... um solene sacrifício!
Afinal, chegou o técnico da Wnet, mediu seu batimento cardíaco, pressão e coisa e tal, percorreu o caminho das artérias, voltou e recuperou plenamente o meu querido amigo e, agora, definitivamente, estou no ar!
Fiquei tão feliz que tive arroubos de pegá-lo no colo e beijá-lo perdidamente. Estou falando do Saci, claro! Ô gente maldosa!
Estou voltando à lida, amigos e amigas! Só que, daqui para frente, digitarei com suavidade, darei ordens vagarosamente e observarei as normas trabalhistas de horário , descanso semanal, férias e o escambau, porque amigo é pra se guardar do lado esquerdo do peito!
(não deixe de ler a colega Marina Alves)