ESCREVER
ESCREVER
Escrever para mim é necessidade, às vezes escrevo para nada dizer, apenas preencher um vazio que é pleno de coisas que não saberia dizer de outra forma, senão escrevendo.
Aqui, no misterioso mundo das palavras sinto-me (in) segura, mesmo (não) sabendo onde estou ou o quero, sinto que aqui estou em casa. Entre amigos que nunca vi, mas me reconhecem e me aceitam exatamente como sou. Sem definição.
Sinto um gostinho delicioso de não ser nada e poder tudo. De conversar sem precisar pronunciar uma única palavra, e ainda assim conseguir me comunicar. O mundo das palavras para mim é mágico.
Adoro passear por suas inúmeras definições, que parecem enormes ruas, suas frases, orações, sentenças. Percorro estes caminhos às vezes claros, outros obscuros. Mas sempre fascinantes.
Há sempre uma palavra nova. Simpática. Mas às vezes tropeçamos em palavras difíceis, duras, cruéis ate; o bom é que você pode simplesmente ignorá-las ou, se preferir, procurar outra que possa substituí-la, tornar tudo diferente. São os antônimos. Muda a direção. O sentido. O mundo das palavras é fantástico. Leva uma vida para ser explorado. Creio que mesmo assim nunca perde o encanto. Sempre pode nos surpreender.
No mundo da palavra escrita tudo é diferente. Uma vez escrito, e não apagado, fica o registro. Não pode ser negado. É preciso então ser cuidadoso com aquilo que se escreve. No mundo das palavras faladas muita coisa é esquecida. As palavras voam. Uma vez ditas não voltam mais.
Mas a palavra que mais fascina é aquela presa no pensamento. Esta é livre. E como elas vêem. Aos montes vão aparecendo. Você não tem controle sobre elas. Parecem surgir do nada. Tem palavras para todo momento. As vezes quando vêem a boca já chegam diferente.
Também fogem do lápis. Você pensa, e quando escreve percebe que está tudo diferente. Parece não haver uma caminho seguro entre o pensar-escrever e o falar,embora em todos os casos seja a palavra a principal ferramenta.