A PONTE
Era uma vez uma vaca
Chamava-se Vitória
Atravessou a ponte
E acabou a história
Acho que essa sequência de quatro versos forma a história mais curta que ouvi nos idos tempos em que meus ouvidos, até então, só davam atenção àquelas longas histórias que minha mãe ou a avó contavam nas noites que não havia luz elétrica na velha casa de madeira.
Pois num belo dia, eis que um cara, para brincar comigo, me vem com esta: Era uma vez uma vaca. Chamava-se Vitória...
E ficaria para sempre na minha cabeça, porque a história tem a sua graça. Curta e rasteira, deixou-me surpreso.
A graça mesmo estava nas histórias longas, que era a moda da época.
Mas o tempo foi passando, as coisas mudando, o mundo se transformando. Hoje parece que as pessoas não têm mais muito tempo para escrever ou ouvir longas histórias.
E as histórias curtas vão tomando o lugar das histórias longas. Contos, poesias, crônicas, os textos são mini ou micro.
Queremos ser escritores, queremos ler cada vez mais. Mas o tempo é sempre curto e precioso. A solução é partir para os textos sucintos, mais curtos possíveis.
Se aquela ponte era longa ou curta, não sabemos. Mas imagino a vaca andando sem pressa para o outro lado, onde o pasto deveria ser mais verde e pelo qual poderia descer para beber a água pura do rio.
Pra que pressa? Vamos fazer como a vaca, andando devagar, porém sem parar no caminho, sem voltar atrás. Assim, chegaremos aonde queremos chegar; em outras palavras, assim escreveremos nossa história.