No almoço de domingo (7)

Nas poucas vezes em que fomos juntas a Belo Horizonte, minha mãe sempre pedia, nos restaurantes em que íamos, Arroz Piemontês e constantemente afirma o seu apreço por essa comida. Tendo comido esse prato no domingo de Carnaval, no restaurante da Ana e do Ernesto, aqui em minha rua (Gourmet) resolvi que o próximo almoço que eu faria teria esse prato como peça de resistência.

Sei que há muita confusão entre o que sejam risoto e arroz piemontês, às vezes um passando pelo outro. Não sou perita em cozinha e nem faço questão de purismo, mas aprendi que o risoto necessita de um arroz especial, o arbóreo. Quanto ao arroz piemontês tive que chegar as minhas próprias conclusões porque a busca revelou-se infrutífera.

Escolhi uma receita do site Panelinha e já de antemão peço desculpas, porque metida como sou, mudei tudo e criei uma receita nova, dessas impossíveis de repetir porque baseada na preguiça e no olhômetro. Escolhi essa porque pedia arroz cozido, o que não queria dizer que precisasse ser sobra. Seria só fazer um arroz novo e partir daí. Mas eu tinha sobras e as aproveitei.

A receita era para uma xícara e meia de arroz cozido, o que daria no máximo para duas pessoas. Eu tinha cinco pessoas para comer e dez xícaras e meia de arroz cozido. Se eu fosse multiplicar os outros ingredientes por dez a comida ficaria imprestável. Já pensaram em um prato com um quilo de manteiga?

Bem, eu tinha o arroz e precisava sair para comprar cogumelos e presunto. Minha mãe não gosta de cogumelos então resolvi eliminá-los. Presunto? Eu tinha um linguicinha da Sadia e resolvi experimentar.

Parti a lingüiça em pedaços pequenos e os fritei no óleo até certo ponto. Depois retirei o óleo e coloquei manteiga para continuar a fritura. Aí coloquei meia garrafa de um bom vinho branco e seco e deixei ir evaporando. Ai coloquei o creme de leite e misturei bem. O arroz e uma boa porção de queijo ralado. Queijo de Minas, é claro, o Canastra que aqui chamamos de Catiara. Como a Val havia trazido um lindo buquê de couve flor, resolvi fazer também a couve flor. Lavei, cortei e cozinhei do mesmo jeito que se cozinha macarrão. Coloquei os buquezinhos na água fervente e salgada por 10 minutos e quando cozidos retirei-os da água e coloquei-os ainda quente em uma travessa que reguei com muito azeite.

Acho que ficou bom porque todos repetiram, inclusive eu, e os doguinhos acabaram ganhando uns pedacinhos de lingüiça. Foi um bom almoço e depois de arrumar a cozinha fui dormir para recuperar as forças.


Quem comeu? A mãe. E repetiu, então valeu. Val, que além da couve flor trouxe uma comidinha pronta para os doguinhos, feita no capricho, com pouco óleo (azeite) e sal grosso. Eu, é claro. O Dudu e a Marilda (que comeu mais tarde, sozinha, alegando que eu tinha feito a comida muito cedo (por causa do fim do horário do verão).

Lavras, 17 de fevereiro de 2013