Tragédia Nacional – Três Poderes Sem Vistorias
Recebi um correio eletrônico, que fazia correspondência entre a tragédia na danceteria de Santa Maria – RGS, com as duas casas do Congresso Nacional.
Trazia foto do Congresso, que em letras destacadas era ilustrada com o seguinte comentário: “Essas duas casas de shows, não são vistoriadas há anos. E, diariamente, colocam em riscos a vida de milhões de brasileiros”.
Apesar de entender a intenção do correio, não pude deixar de aproveitá-lo, para registrar reflexão, que claudiquei ao identificá-la: se com a fantasia e irrealidade dos carnavais, ou com o simbolismo das cinzas da quarta-feira.
De fato, o comentário faz sentido, mas deveria expandir-se aos Três Poderes. Pois essas duas casas de show, os tem como aliados para colocar em riscos a vida de milhões de brasileiros.
Entretanto, devemos lembrar, que estas casas são vistoriadas a cada quatro anos. Vistoria realizada por nós mesmos. Os grandes riscos sofridos devem-se a má qualidade da vistoria realizada.
Incompetência sim. Seja por desinteresse em acompanhar o desempenho dos partidos, seus parlamentares e seus representantes no Executivo; Seja pela nossa alienação e irresponsabilidade, muito bem forjada na bigorna dos sistemas educacional e midiático; seja pelo amordaçamento de "pseudo lideranças das entidades de classe" com benesses e privilégios doados pelo governo; seja pela "fidelidade ao voto de cabresto" comprada pelos "coronéis contemporâneos": bolsas, vales, cotas ...
Estamos num círculo vicioso. Incapazes de selecionar as casas noturnas , corremos riscos, até de perdermos a vida. Como avestruzes, baixamos a cabeça, levantamos o traseiro e, como num jogo de azar, entramos, sem quaisquer ponderações, na cabine eleitoral e digitamos os números daqueles que, em sua maioria, em vez de representar nossa vontade, nos viram as costas, fazem "ouvidos de mercador" e na clandestinidade do voto secreto, sufragam seus próprios interesses, ou aqueles que os mantém em posição de domínio.
Como o Poder Judiciário, na sua maior expressão é designado pelo Executivo e aprovado pelo Legislativo, podemos afirmar que as "casas de show", que constituem nossa organização política-administrativa, continuarão sem vistoria, por muitos e muitos anos.
Ou nos organizamos de forma independente dos partidos e dos órgãos de classe, para voltarmos às ruas, mobilizados por agenda preestabelecida; ou iremos, na condição de náufragos solitários, continuar chorando, acendendo velas, elaborando análises e críticas, para serem, depositadas em garrafas vazias, fechadas e as lançarmos com as mãos do desespero, nas "águas internéticas"...
Mas é carnaval, vamos ao "mundo do faz de contas", desfilar no “bloco da cidadania”. A fantasia, a mesma que nos é imposta o ano inteiro, pelas “casas de shows republicanas”.
Pra tudo se acabar na quarta-feira...