Exploração de crianças

Uma situação que vi ultimamente, num documentário, na TV sobre o tráfico de crianças em que varias delas eram raptadas ou compradas de alguns países africanos para serem enviadas a um outro país (maior produtor de algodão, se ainda me recordo) onde trabalhavam nas fazendas colhendo algodão que era exportado a outos pontos do mundo. É uma autêntica exploração de menores, exploração da mão-de-obra barata, uma situação que me levou refletir seriamente nos problemas que enfrentamos nesse mundo.

Hoje, infelizmente, oiço pela rádio uma situação idêntica no meu país (Angola) e na minha província. Crianças são transportadas da vizinha província da Huila, concretamente do município da Chibia para a povoação do Carujamba na comuna da Lucira província do Namibe, num percurso aproximadamente de 400km, para trabalharem nas fazendas. É muito triste! São crianças que deviam estar nos seus seios familiares estudando… Mas, por que elas emigram? Não tenho dúvidas que é a fome, a não ser que também são raptadas e roubadas, mas se não, é mesmo as condições económico-sociais que enfrentam na família. Não é que estou a favor dessa prática, não! É que por trás dessa novela estão adultos exploradores que devem ser punidos.

E na verdade, temos mesmo famílias que vivem situações lastimáveis, que se nenhum membro se “virar”, seja adulto ou adolescente, morrem de fome! Então, a que se rever bem as políticas... Ainda hoje, ouvi um ministro declarando que há pensionistas fantasmas! Já imaginaram, combatermos esses fantasmas e darmos uma pensãozinha àquelas famílias que nada podem? Por mim, não vejo nenhum inconveniente, pois, temos possibilidade, por enquanto, pelo menos, temos muitos recursos (riquezas) e somos poucos.

A dias, Sua Excelência Sr. Presidente aconselhou, publicamente, àqueles que possuem muito a ajudarem os que possuem quase nada. Foi uma frase bem dita e muito apoiada pela população. E agora? Como vão as coisas? O pensamento está passando para prática ou continua na teoria? Não sei! Só sei que, se esses ricos, senhores que possuem muito, poderem levar isso a peito, poderemos evitar essa situação de crianças trocarem escolas pelo trabalho, casas pelas ruas e famílias por amigos.

Graças a Deus, algumas dessas crianças foram apanhadas e devolvidas aos seus pais. Só não imagino como foram devolvidas…

Portanto, é preciso um trabalho ao fundo. Saber bem como vivem, o que fazem, não só as crianças, mas a família completa, para depois poder se estudar na melhor forma possível de os ajudar. São nossos irmãos, filhos dessa terra e que não têm culpa de viverem nessas condições.

Se esses miúdos conseguem trabalhar em fazendas, que tal o governo apoiar a família com terras e inputs agrícolas para poderem trabalhar como donos.

Conheço bem esse nível social, ninguém se contenta em ser pobre, e o pobre se não se “mexer” não come e, não comendo morre! E por cá, para complicar mais as coisas, os nossos pobres são ricos em filhos, quer dizer, não se preocupam em fazer planeamento para se evitar muitas crias. Fazemos muitos filhos e, com poucos recursos é difícil de sustentá-los, educá-los, controlá-los, etc. É só desgraça!

Eu, pessoalmente, meus irmãos e tantos outros coevos, enquanto crianças, desempenhamos trabalho esforçado, fazendo serviços de “tio ajuda” para conseguir qualquer coisa para sobreviver. E só tem graça que naquela altura não havia problema de vagas nas escolas com nos dias de hoje, bastava-nos os problemas dos materiais, porque senão…

Hoje, temos muitas empresas, produtoras, que nas suas responsabilidades com a sociedade, em vez de premiarem pessoas singulares em concursos criados ou inventados banalmente, sem interesse nacional, deviam velar mais pelos pobres, criar projetos de âmbito nacional que possam gerar mais empregos, combatendo assim a fome e a pobreza.

Namibe, aos 18/01/13, 23:32’

Mwéene Ndaka
Enviado por Mwéene Ndaka em 24/01/2013
Código do texto: T4102870
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