Goiânia nos primórdios
Gosto de falar sobre a cidade de Goiânia. Também pudera! Sou goiano e a tenho como a mais bela capital do centro oeste do país. Sempre quando surge a oportunidade de comentar sobre ela, enfatizo que está posicionada sobre três fazendas; fazenda Botafogo, fazenda Vaca Brava e fazenda Criméia. Alguns desses poucos que me ouvem, como que duvidando, perguntam-me de onde tirei isto. Calmamente informo-lhes de que tenho por hábito ler pelo menos um livro por mês e, assim sendo, explico-lhes de que quase tudo que deixo transparecer em meus textos , procede de fonte segura, ou seja, dos livros.
Isto posto, Fico imaginando comigo mesmo, por que as autoridades competentes não colocam essas informações nos currículos das escolas goianas? Seria importantíssimo se isso algum dia ocorrer, pois tem muita gente que reside em Goiás que não sabe que o Doutor Pedro Ludovico Teixeira e Dona Gercina Borges Teixeira são os fundadores de Goiânia. Para demonstrar que Goiânia já nasceu pujante, recorro ao olhar do escritor Willy Aureli, que no ano de 1.938 passara por Goiânia, quando capitaneava a Expedição da Bandeira Piratininga rumo ao nordeste de Mato Grosso e assim se expressou( Ipsis Literis ): “Em Goiânia faço rápida parada para agradecer às autoridades locais o inestimável auxilio que nos prestaram. A nova capital do grande Estado, que tanta admiração me causou há um ano, com sua opulência de cidade moderna, como que saindo do cerrado agressivo, está estendendo rapidamente os tentáculos pelos bairros cujas construções são índice seguro do progresso vertiginoso da metrópole cimento-armado. Uma ou outra indústria surgiu, no ano de minha ausência , e tenta seus primeiros passos para o futuro radioso a que está destinada. A população aumentou consideravelmente; o governo para aqui transportou, da velha capital , todas as repartições federais e estaduais, escolas secundárias, ginásios, forçando o comércio a mudar-se também.
Clubes de tênis, bola ao cesto, natação, vivem apinhados. Mocidade que se diverte e empresta ao ambiente, ainda cru, uma tonalidade vivaz. As largas avenidas e alamedas já apresentam sinais da arborização. Inúmeros veículos trafegam, sob os cuidados dos “grilos” que empunham, muito soberbos, os bastõezinhos brancos de sinalização.
Goiânia surgiu pelo esforço titânico do atual governador, dr. Pedro Ludovico. Transportando a capital do Estado para o novo local, fez com que o progresso de todo o território se acelerasse ràpidamente, pois a urbe irradia e atrai as atividades inúmeras.
A idéia da mudança da capital de Goiás é velha. Surgiu pela primeira vez em 1830 e foi lançada pelo marechal de campo Miguel Lino de Morais, segundo governador do Estado, no tempo do Império. Tal idéia foi logo abandonada , tendo em vista a animosidade da população de Goiás, a antiga capital, a histórica Vila Boa de Anhanguera. Posteriormente, em 1863, coube ao dr. José Vieira Couto de Magalhães, 16 governador de Goiás, no Império, reviver a idéia. Mas encontrou igual resistência por parte dos habitantes da capital. Em 1918 nova tentativa e novo fracasso. Sòmente em 1932 é que , pela vontade férrea do dr. Pedro Ludovico, tudo se conseguiu. A área escolhida, após prolongada pesquisa executada por uma comissão de técnicos, foi a zona próxima à cidade de Campinas, que hoje,com o surto da nova capital, vive intensamente,desenvolvendo-se de forma assombrosa. Dizer,aqui, das mil dificuldades que o dr. Ludovico teve que arrostar para levar avante sua grandiosa concepção, escapa ao nosso programa. O fato é que no coração geográfico do Brasil surge, hoje, uma grande cidade moderna”.
Como se denota da visão que o escritor referenciado acima, teve no longínquo ano de 1938, quando a nossa Goiânia estava ainda em construção, nos dá uma quase exata medida da grandeza de espírito de seu fundador, que apesar também da grandeza de seu projeto, tomara todas as precauções possíveis na concretização de seu sonho, do sonho de Miguel Lino Morais, no ano de 1830; do de José Vieira Couto de Magalhães no ano de 1863 e nos de tantos outros ilustres, que desde épocas remotas, já se preocupavam com o radioso progresso de nosso querido estado de Goiás, que, por obra da mão Divina, se encontra encravado no coração do Brasil.