E Só Apareceu Assim, Sem Avisar ou Pedir Permissão.
Hoje estava nublado. A paisagem era tão bonita quanto ela. Não sei se ela sabe da presença que faz. Me aperta os dedos entre os dela de maneira a me situar. Parece querer me alertar que está lá e que eu sou dela. Talvez seja impressão minha.
Sei que tem um jeito único. Me privo de tudo para observá-la. E quando ela fica tímida e se esconde por trás das pequeninas mãos, acho uma graça. Chega a ser divertido. “É bonita”, penso. Tem uma fala encantadora. Adoro o modo que ela fala e seu sotaque.
Chuviscou um pouco e andamos de mãos dadas debaixo do céu chorão. Vimos um filme. Nos abraçamos. Fomos a praia e comemos. Ela comida e eu uma torta. A ordem pouco importa. Já me perco só de pensar quantos dias tudo isso demorou pra acontecer. Chega a ser confuso. Questionador. Como escolher as palavras para descrever isso?
Tento explorar cada canto de meu interior e não encontro o que dizer. O que você é? O que você me faz? Você é tudo aquilo que eu precisava. Apareceu na hora certa e nem pediu permissão. Eu não deixei pedir. Veio como quem não quer nada e simplesmente se instalando na minha vida. Me trouxe conforto e paz. Carinho e mimos. Me trata como se cuidasse de mim. Me abraça e me aperta. Me morde e me beija. Não necessariamente nessa ordem. Nada está em ordem.
Como alguém entra na vida de outra pessoa e em menos de duas semanas bagunça tudo? Eu to vivendo e isso era algo que eu não fazia há muito tempo. A moça me trouxe carinho e um lugar para repousar. Me trouxe um porto para me segurar. E não pretendo ir embora cedo. Pretendo conhecer mais desse porto; explorar mais dessa pequena-grande-cidade. Habitar cada canto até me tornar satisfeito e tornar a fazê-lo de novo, pois não me cansarei de tornar a repetir uma e outra vez mais.
Estabilizar-me-ei. Permanecerei. Não zarparei. Não fugirei. Viverei. Não escrevo tão bem quanto você, mas qualquer esforço vale. Ainda devo estar tão extasiado que não encontro palavras. É apenas isso. Você é indescritível moça. E o que faz comigo também.
Só apareceu assim, como quem não querer nada e foi se instalando; ousada. Me puxando pelo fio pelo qual me prendeu, até estarmos tão juntos que me faz querer mais e mais. Já sinto saudades quando você pega o ônibus e eu entro na outra esquina. Já sinto saudades quando a tua mão não esbarra na minha.