O FIM DO MUNDO

Pegando carona em uma excelente crônica do Prof. Raimundo Antônio de Souza Lopes, de Mossoró, publicada neste Recanto, e como já havia “agendado” escrever sobre o tema, estou eu aqui, também, com a minha crônica. Confesso que não me preocupei nada, ou quase nada, sobre o recente anunciado fim, baseado no calendário Maia. É que, desde menino, ouço falar no assunto. Meu pai tinha um primo, Antônio Rodrigues do Monte, gordo, louro, de olhos azuis, que morava numa casa grande, com quatro janelas de frente, altas e largas, relativamente perto da nossa. De tempo em tempo, ele aparecia lá em casa, chamava meu pai à parte para ler pausadamente (seu grau de instrução era um pouco melhor do que o de papai), uma profecia sobre o fim do mundo, que, naquele tempo, circulava em “corrente”, como a do Anticristo. Aliás, sobre este há muitas versões, como, por exemplo, a de que seria ou será o oposto de Cristo e nasceria ou nascerá na região de Israel. (No livro “Minhas Lembranças de Mossoró”, falo sobre essas visitas que o primo Toinho Rodrigues, salineiro e fazendeiro rico, fazia a meu pai e me refiro às profecias que costumava levar para ler).

Meu pai, influenciado pelo primo, ficava impressionado com tais previsões e as retransmitia à minha mãe que, por sua vez, nos contava, impressionando-me. Por isso, sonhei várias vezes com o fim do mundo, a Lua caindo sobre a Terra, o mar subindo em ondas gigantescas (e olha que naquele tempo em nem conhecia o mar) e arrasando tudo, sonhos que me faziam acordar apavorado.

Essas profecias do fim do mundo acontecem há milênios. Existiram os Oráculos de Sibila, profetisa da antiga Pérsia, da Eritréia e outras regiões mitológicas e dizem que suas profecias foram reunidas em quinze ou mais livros. Tais oráculos profetizavam a chegada do Anticristo e o consequente fim do mundo.

Mais recentemente, ou melhor, menos remotamente, temos a previsão do pastor evangélico William Miller afirmando que tudo iria terminar em 1840. Também a do pastor Pentecostal William Branham, que previa o fim do mundo para 1977.

Também no Apocalipse de João anuncia-se o fim próximo, mas não se estabelece data; só que esse fim seria precedido de pestes, guerras mundiais e outros cataclismos.

E, assim, a humanidade vive sob essas periódicas ameaças de fim do mundo. Não creio nisso, mas entendo que a insensatez e a ambição dos homens, a rivalidade das nações e as ameaças nucleares estão nos levando a tempos mais difíceis, com a constante ameaça de uma guerra atômica. Aí, sim, reside um possível fim do mundo.

Agora, para amenizar o assunto, vou contar a história de um cidadão meu conterrâneo, que, aí pela década de 50 do século passado, informou que recebera um aviso de que Deus mandaria um anjo buscá-lo em determinado ano, dia e hora. Ele residia em uma casa na antiga Praça da Cadeia, atual Praça Antônio Gomes, perto da casa em que eu morava. Não vou dizer seu nome e nem o conheci, mas meu pai sabia quem era. Ele pertencia à Assembleia de Deus e descreveu com tal seriedade como ocorreu o aviso que, eu me lembro bem, no dia anterior já começaram a chegar à sua casa, para orarem, alguns irmãos. No dia aprazado, sua casa se encheu de gente, os irmãos a cantarem, outros a chorarem (assim me contaram), aguardando a anunciada hora. Sei que chegou o dia e chegou a hora, o cidadão continuou vivo e só morreu, de morte morrida mesmo, alguns anos depois.

Acho que assim será o fim do mundo. Só acontecerá quando Deus determinar.

Obery Rodrigues
Enviado por Obery Rodrigues em 07/01/2013
Reeditado em 07/01/2013
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