Uma história sobre amizade.
Em junho de 2011 a invisível linha vermelha que une o destino daqueles que estão fadados a se encontrarem* encurtou de tal forma que sem bem saber por que entrei em um pet shop e me apaixonei perdidamente por dois schnauzers. Desde então eles moram comigo e são motivos de muita alegria. Eu, que tinha uma relação minimamente amigável com cães, passei a me interessar por todos e quando isso acontece o resultado é sempre sofrimento já que não posso cuidar de todos. Interesso-me principalmente pelos cães perdidos e quando sei de um, ando pelas ruas tentando encontrá-los. Quando leio uma história que trata das relações homem e cão, sempre fico emocionada. E foi isso que aconteceu hoje.
Marco Aurélio Bissoli é um repórter free-lance a quem tive a honra de convidar para fazer parte da Academia Lavrense de Letras. Convite aceito, sei que agora teremos mais oportunidades para trocar figurinhas. Pelo menos uma vez por mês (última terça feira) nos reuniremos em uma das Salas da Casa da Cultura que nos foi cedida pela atual prefeita. Gosto de seu trabalho e de seu jeito de escrever. E foi uma reportagem escrita por ele esta semana, na Tribuna de Lavras, que me inspirou esta crônica. Espero que ele não se chateie comigo por recontar sua história aqui.
Foi na noite de 22 de dezembro que tudo aconteceu. O local, a Praça dos Trabalhadores, lugar de trânsito caótico.
Um homem vinha pela Rua Dr. Francisco Sales, junto com o seu pit bull. Trazia em uma das mãos uma garrafa de cachaça e era visível sua embriaguês. Cambaleando aqui e ali acabou caindo. A Polícia Militar foi logo acionada para resolver o problema. Mas o problema se complicou porque o cão não permitiu a aproximação dos policiais. Então decidiu-se chamar o Corpo de Bombeiros para apreender o animal. Por ali também estava uma mulher embriagada e exaltada que chamava pelo cão. A Polícia então solicitou a sua ajuda para tirar dali o perigoso animal. Bem que ela tentou, mas não conseguiu. Foi então que inominado cambaleante se levantou e foi para o meio da rua. Um policial mais paciente e jeitoso conseguiu que ele se assentasse à porta de uma loja. Mas o homem, embora com a mente enevoada, compreendeu ali que estavam esperando o Corpo de Bombeiros para capturar o cão. O barulhento carro de fogo veio se aproximando e o homem então não teve outra opção – certamente nem pensou, só sentiu, porque foi tudo muito rápido. Ele levantou-se como se nunca tivesse bebido, pegou o cão pela guia e saíram os dois em disparada.
No jornal há uma foto. Um homem espichado no chão e ao seu lado, assentado, o cão montando guarda.
Não sei o final da história, nem sei se houve final, mas espero que os dois continuem juntos e felizes para sempre.
Em junho de 2011 a invisível linha vermelha que une o destino daqueles que estão fadados a se encontrarem* encurtou de tal forma que sem bem saber por que entrei em um pet shop e me apaixonei perdidamente por dois schnauzers. Desde então eles moram comigo e são motivos de muita alegria. Eu, que tinha uma relação minimamente amigável com cães, passei a me interessar por todos e quando isso acontece o resultado é sempre sofrimento já que não posso cuidar de todos. Interesso-me principalmente pelos cães perdidos e quando sei de um, ando pelas ruas tentando encontrá-los. Quando leio uma história que trata das relações homem e cão, sempre fico emocionada. E foi isso que aconteceu hoje.
Marco Aurélio Bissoli é um repórter free-lance a quem tive a honra de convidar para fazer parte da Academia Lavrense de Letras. Convite aceito, sei que agora teremos mais oportunidades para trocar figurinhas. Pelo menos uma vez por mês (última terça feira) nos reuniremos em uma das Salas da Casa da Cultura que nos foi cedida pela atual prefeita. Gosto de seu trabalho e de seu jeito de escrever. E foi uma reportagem escrita por ele esta semana, na Tribuna de Lavras, que me inspirou esta crônica. Espero que ele não se chateie comigo por recontar sua história aqui.
Foi na noite de 22 de dezembro que tudo aconteceu. O local, a Praça dos Trabalhadores, lugar de trânsito caótico.
Um homem vinha pela Rua Dr. Francisco Sales, junto com o seu pit bull. Trazia em uma das mãos uma garrafa de cachaça e era visível sua embriaguês. Cambaleando aqui e ali acabou caindo. A Polícia Militar foi logo acionada para resolver o problema. Mas o problema se complicou porque o cão não permitiu a aproximação dos policiais. Então decidiu-se chamar o Corpo de Bombeiros para apreender o animal. Por ali também estava uma mulher embriagada e exaltada que chamava pelo cão. A Polícia então solicitou a sua ajuda para tirar dali o perigoso animal. Bem que ela tentou, mas não conseguiu. Foi então que inominado cambaleante se levantou e foi para o meio da rua. Um policial mais paciente e jeitoso conseguiu que ele se assentasse à porta de uma loja. Mas o homem, embora com a mente enevoada, compreendeu ali que estavam esperando o Corpo de Bombeiros para capturar o cão. O barulhento carro de fogo veio se aproximando e o homem então não teve outra opção – certamente nem pensou, só sentiu, porque foi tudo muito rápido. Ele levantou-se como se nunca tivesse bebido, pegou o cão pela guia e saíram os dois em disparada.
No jornal há uma foto. Um homem espichado no chão e ao seu lado, assentado, o cão montando guarda.
Não sei o final da história, nem sei se houve final, mas espero que os dois continuem juntos e felizes para sempre.
- * Crença oriental.