Na fábrica de Papai Noel as cartas não paravam de chegar...
Uma delas despertou a atenção dos incansáveis trabalhadores.
O autor da carta era Pedro, Pedro dos Sonhos. Ele dizia sua localidade e informava que tinha quarenta anos.
As cartas eram separadas por idade.
Levaram a carta até Papai Noel.
O bondoso ancião pegou a carta e pediu para ficar só.
Ele começou a ler o seguinte:
<<< Eu queria te fazer um pedido meio esquisito, mas muito importante para mim.
Eu queria voltar a ser criança.
Eu precisava muito voltar a ter doze anos. Foi com doze anos que te enviei uma carta certa vez.
Lembra?
Hoje eu tenho um pedido:
Dá para voltar atrás?
Minha vida tem sido tão chata!
Hoje eu sou um empresário importante, dono de muitas empresas. Eu possuo vários funcionários, igualzinho ao senhor, mas aqui a gente não faz brinquedos e, se fizesse, não daria gratuitamnete, porque aqui tudo é vendido.
Eu estou enjoado de tanto lucro.
O lucro e todos os ganhos não trazem junto a amizade nem a felicidade.
Vários conhecidos, parentes e até desconhecidos me pedem um monte de coisas.
Eu queria que alguém me pedisse um abraço, mas ninguém faz isso.
As pessoas são muito interesseiras!
Minha mãezinha já está no Céu e não pode mais me pedir um abraço.
Sou casado, mas minha esposa só quer saber de comprar, gastar e fazer as unhas.
Ela é bastante vaidosa.
Eu queria poder conversar mais com ela, mas ela nunca tem tempo.
Às vezes as obrigações com minhas empresas também tiram o meu tempo.
Ah! Eu não me casei com Ritinha.
Um dia desses a encontrei num mercadinho.
Perguntei se ela lembrava das mangas, porém ela parecia não recordar nada.
Fiquei triste demais! Como o senhor deve lembrar, eu tinha tanta certeza de que a gente um dia seria um casal!
Que pena!
Não tenho filhos.
Na semana passada vi um menino que me lembrou aquele garoto, com doze anos, que te enviou uma carta.
Que estranho! Senti uma forte saudade de mim mesmo!
O menino estava tão feliz brincando de esconde-esconde com outro menino.
Os dois sorriam tanto!
Senti saudade daquela época, daqueles dias, bateu uma nostalgia enorme, resolvi escrever esta carta.
Eu sei que pode ser uma grande tolice, mas eu pergunto novamente:
Dá para voltar atrás?
Pedro dos Sonhos >>>
Papai Noel, bastante emocionado, concluiu a leitura.
Resolveu procurar a carta que recebeu do grande empresário da atualidade há 28 anos.
Verificou seu extenso arquivo e conseguiu localizá-la.
A carta dizia:
<<< Eu estou muito contente escrevendo esta carta!
Não fique preocupado com os erros de Português, pois, antes de enviar a carta, vou pedir ao meu pai para revisar o texto! Ele é fera nessa matéria.
Tenho doze anos, sou muito feliz com meus pais, meus irmãos, primos, amigos e tenho uma grande amiguinha, o nome dela é Ritinha.
A gente apronta bastante.
Mas só fazemos traquinagens legais, que não fazem mal a ninguém.
Ah! Eu preciso confessar que toda tarde, quando está escurecendo, a gente pula o quintal grande de um vizinho.
Nesse quintal tem manga gostosa que não acaba mais. Nós dois pegamos algumas mangas e saímos sem ninguém ver.
Eu espero que o senhor não fique zangado com isso!
É feio, mas não faz falta.
Tem muita manga, o quintal é grande pra caramba!
Eu acho que, quando Ritinha crescer, nós dois vamos nos casar.
Hoje a gente só quer brincar como criança, porém amanhã eu vou pedir pra namorar com ela.
Será que ela vai topar?
Vou contar um outro segredo.
Sou um menino estudioso e sonho amanhã me tornar um bom empresário.
Não sei se terei várias empresas, mas pretendo ter, no mínimo, uma.
Acho legal aquela roupa de empresário, aquela cara de sério.
Agora não! Nada de seriedade! Eu fico sem camisa, brinco muito correndo com meus amiguinhos e não deixo de aprontar com Ritinha, minha futura esposa.
Vou querer ter uns dois filhos com ela...
Mas só quando crescer, certo?
Minha mãe sempre me pede um abraço antes de eu dormir.
Eu gosto tanto dessa hora.
Quando ela esquece, eu lembro. Eu curto muito o jeito carinhoso dela.
Eu amo minha mãezinha!
O senhor deve estar perguntando que presente eu quero.
Pode me dar qualquer coisa.
Eu sou um menino muito feliz, não me falta nada.
Se o mundo dos adultos for bacana assim, a vida é mesmo uma maravilha!
Um abração, Papai Noel!
Gostei muito de conversar com o senhor!
Pedrinho dos Sonhos >>>
Papai Noel concluiu a leitura da carta de Pedrinho mais emocionado do que quando encerrou a primeira leitura.
Enquanto sua equipe organizava os últimos preparativos para ele sair efetuando a jornada natalina, ficou meio cabisbaixo durante todo o resto do dia.
À noite, quando as renas levantaram vôo puxando o trenó, refletiu sobre as voltas que a vida apresenta, lastimando o fato de muitos indivíduos deletarem a criança que nunca deveria sumir, independente da idade de cada um.
Pensou muito carinhosamente no pedido de Pedro, o tão simpático e feliz Pedrinho de outrora.
Percebendo que estava perto de começar a doce missão, enxugando uma lágrima, falou consigo próprio:
Não dá para voltar atrás!
Um abraço!
Uma delas despertou a atenção dos incansáveis trabalhadores.
O autor da carta era Pedro, Pedro dos Sonhos. Ele dizia sua localidade e informava que tinha quarenta anos.
As cartas eram separadas por idade.
Levaram a carta até Papai Noel.
O bondoso ancião pegou a carta e pediu para ficar só.
Ele começou a ler o seguinte:
<<< Eu queria te fazer um pedido meio esquisito, mas muito importante para mim.
Eu queria voltar a ser criança.
Eu precisava muito voltar a ter doze anos. Foi com doze anos que te enviei uma carta certa vez.
Lembra?
Hoje eu tenho um pedido:
Dá para voltar atrás?
Minha vida tem sido tão chata!
Hoje eu sou um empresário importante, dono de muitas empresas. Eu possuo vários funcionários, igualzinho ao senhor, mas aqui a gente não faz brinquedos e, se fizesse, não daria gratuitamnete, porque aqui tudo é vendido.
Eu estou enjoado de tanto lucro.
O lucro e todos os ganhos não trazem junto a amizade nem a felicidade.
Vários conhecidos, parentes e até desconhecidos me pedem um monte de coisas.
Eu queria que alguém me pedisse um abraço, mas ninguém faz isso.
As pessoas são muito interesseiras!
Minha mãezinha já está no Céu e não pode mais me pedir um abraço.
Sou casado, mas minha esposa só quer saber de comprar, gastar e fazer as unhas.
Ela é bastante vaidosa.
Eu queria poder conversar mais com ela, mas ela nunca tem tempo.
Às vezes as obrigações com minhas empresas também tiram o meu tempo.
Ah! Eu não me casei com Ritinha.
Um dia desses a encontrei num mercadinho.
Perguntei se ela lembrava das mangas, porém ela parecia não recordar nada.
Fiquei triste demais! Como o senhor deve lembrar, eu tinha tanta certeza de que a gente um dia seria um casal!
Que pena!
Não tenho filhos.
Na semana passada vi um menino que me lembrou aquele garoto, com doze anos, que te enviou uma carta.
Que estranho! Senti uma forte saudade de mim mesmo!
O menino estava tão feliz brincando de esconde-esconde com outro menino.
Os dois sorriam tanto!
Senti saudade daquela época, daqueles dias, bateu uma nostalgia enorme, resolvi escrever esta carta.
Eu sei que pode ser uma grande tolice, mas eu pergunto novamente:
Dá para voltar atrás?
Pedro dos Sonhos >>>
Papai Noel, bastante emocionado, concluiu a leitura.
Resolveu procurar a carta que recebeu do grande empresário da atualidade há 28 anos.
Verificou seu extenso arquivo e conseguiu localizá-la.
A carta dizia:
<<< Eu estou muito contente escrevendo esta carta!
Não fique preocupado com os erros de Português, pois, antes de enviar a carta, vou pedir ao meu pai para revisar o texto! Ele é fera nessa matéria.
Tenho doze anos, sou muito feliz com meus pais, meus irmãos, primos, amigos e tenho uma grande amiguinha, o nome dela é Ritinha.
A gente apronta bastante.
Mas só fazemos traquinagens legais, que não fazem mal a ninguém.
Ah! Eu preciso confessar que toda tarde, quando está escurecendo, a gente pula o quintal grande de um vizinho.
Nesse quintal tem manga gostosa que não acaba mais. Nós dois pegamos algumas mangas e saímos sem ninguém ver.
Eu espero que o senhor não fique zangado com isso!
É feio, mas não faz falta.
Tem muita manga, o quintal é grande pra caramba!
Eu acho que, quando Ritinha crescer, nós dois vamos nos casar.
Hoje a gente só quer brincar como criança, porém amanhã eu vou pedir pra namorar com ela.
Será que ela vai topar?
Vou contar um outro segredo.
Sou um menino estudioso e sonho amanhã me tornar um bom empresário.
Não sei se terei várias empresas, mas pretendo ter, no mínimo, uma.
Acho legal aquela roupa de empresário, aquela cara de sério.
Agora não! Nada de seriedade! Eu fico sem camisa, brinco muito correndo com meus amiguinhos e não deixo de aprontar com Ritinha, minha futura esposa.
Vou querer ter uns dois filhos com ela...
Mas só quando crescer, certo?
Minha mãe sempre me pede um abraço antes de eu dormir.
Eu gosto tanto dessa hora.
Quando ela esquece, eu lembro. Eu curto muito o jeito carinhoso dela.
Eu amo minha mãezinha!
O senhor deve estar perguntando que presente eu quero.
Pode me dar qualquer coisa.
Eu sou um menino muito feliz, não me falta nada.
Se o mundo dos adultos for bacana assim, a vida é mesmo uma maravilha!
Um abração, Papai Noel!
Gostei muito de conversar com o senhor!
Pedrinho dos Sonhos >>>
Papai Noel concluiu a leitura da carta de Pedrinho mais emocionado do que quando encerrou a primeira leitura.
Enquanto sua equipe organizava os últimos preparativos para ele sair efetuando a jornada natalina, ficou meio cabisbaixo durante todo o resto do dia.
À noite, quando as renas levantaram vôo puxando o trenó, refletiu sobre as voltas que a vida apresenta, lastimando o fato de muitos indivíduos deletarem a criança que nunca deveria sumir, independente da idade de cada um.
Pensou muito carinhosamente no pedido de Pedro, o tão simpático e feliz Pedrinho de outrora.
Percebendo que estava perto de começar a doce missão, enxugando uma lágrima, falou consigo próprio:
Não dá para voltar atrás!
Um abraço!