O OUTRO É O MEU CÉU

O OUTRO É MEU CÉU

Num século marcado pelo individualismo; onde o “cada um por si e Deus por todos” é o amparo do “salve-se quem puder”, é de suma importância que escutemos algo que nos faça parar e pensar no outro. Uma voz que nos deu esse grito de alerta vem do filósofo Francês Emmanuel Lévinas, cujo adeus a esse mundo se deu em dezembro de 1995, portanto um homem que viveu no século XX, raiz de todo esse individualismo.

Para Lévinas é o outro que nos constrói como alteridade. Quando estamos diante de um espelho, enaltecemos o nosso EU com vaidades, tentando corrigir imperfeições. Em fim, é só o ego que se fortalece. Já quando estamos diante do outro, é o diferente que enxergamos e é a partir daí que nasce o respeito.

Ao valorizarmos demais o Eu, criamos conceitos que incorporamos como certos e verdadeiros e o levamos para tudo que nos cerca, inclusive o outro. São esses conceitos que criam as barreiras dos (pré) conceitos e assim o que olhamos é enquadrado dentro dessas lentes e o que não se encaixa é sumariamente rejeitado como feio ou errado, gerando um aprisionamento que nos deixa cegos, impossibilitados de crescer como homens.

Não podemos mais seguir passando essas barreiras de geração para geração. O (pré) conceito á um “vírus” para o qual existe a vacina do respeito. Precisamos, com urgência, vacinar nossos filhos quebrando assim, o ciclo da doença.

Emmanuel Lévinas, ao contrário de Sartre que considerava que “o inferno são os outros”, dizia:

“O outro é meu guia e eu o seu guardião. Ele me ensina que o mundo não se reduz aos meus vizinhos, à minha família, aos meus amigos, à minha etnia, nação ou classe social. Ele me ensina, ao devastar o meu egoísmo e ao chamar-me à responsabilidade, que existe sempre algo mais para aprender. O outro tem sempre muito a nos ensinar.”

Portanto, vamos sair dos nossos “guetos”, levar nosso olhar ao outro desconhecido que passa por nós na rua e perceber que ele, também, é um ser humano a procura de respostas, que luta para ser feliz e viver em paz.

IAKISSODARA CAPIBARIBE.