O massacre nos States
Os Estados Unidos choram mais um massacre, desta vez, com nuances de crueldade ainda mais densos; uma vez que, a maioria das vítimas é de crianças.
Sempre que isso ocorre, o tema do desarmamento vem à tona, afinal, lá, portar armas é direito constitucional. A barreira reside no fato que um desequilíbrio pontual, tolheria os direitos dos homens de bem, que têm armas apenas como meio de defesa. E, é próprio do sistema democrático, que a vontade da maioria prevaleça.
Entretanto, o presidente Obama acenou com a possibilidade de medidas inibidoras, sem especificar nada, ainda. Como isso está enraizado na cultura americana, não creio que haverá mudanças tão drásticas. Todavia, detectores de metal na entrada dos colégios já poderiam inibir em muito tais atrocidades; se existem, não devem estar funcionando direito.
Tivéssemos aqui incidentes desses com a mesma frequência que lá, e, emotivos que somos, facilmente aprovaríamos o desarmamento. Mas, ouso dizer que não resolveria o problema. O crime organizado dispõe de armas que já são proibidas, de uso militar exclusivo, de modo que, pelo mesmo caminho, eventuais ensandecidos chegariam a elas.
O que desafia nossa compreensão é encontrar um motivo; ou, objetivo nesse feito, sem quedarmos basbaques, com a lupa da perplexidade, tentando vasculhar além de nosso senso de lógica.
Em qual existenciário teria sido criado um ser, com tamanha aridez de alma, totalmente desprovida de valores, sentimentos? Certo é que, os meios eletrônicos ajudam nesse isolacionismo social criando “amigos” de plástico que também permitem plastificarmos nossas personalidades para que eles aplaudam que nos fizermos parecer. Tanto nos incutiram quando crianças, as fantasias, que, hoje, os adultos acreditam em Papai Noel; digo, estamos tão habituados com aparências, que sequer conseguimos identificar essências.
Nossos cérebros são treinados para andar sobre trilhos, como trens; ou, para condicionar conclusões aos ditames da lógica; quando essa desaparece, nosso comboio se desmonta nos prados da incompreensão.
Não dá para não identificar que a sociedade atual levou a sério um quadro do Silvio Santos, chamado; “Topa Tudo por Dinheiro”, o único valor que a maioria consegue identificar. Tivemos a brasileira que humilhou todas as prostitutas da história ao vender sua primeira transa por uma fortuna. Não satisfeita, vai posar para a Playboy de janeiro, afinal, também dá dinheiro.
Ontem a atriz Anne Hataway, foi fotografada sem calcinhas na premiere do filme “Os miseráveis” e se disse invadida, atordoada. Ora, ela é uma celebridade, sempre é fotografada de todo lado, sobretudo num evento desses, e saiu sem a dita peça, com vestido aberto até em cima? Não me surpreenderia se ele estivesse faturando alguns milhões para fazer isso, afinal, o filme foi divulgado por tabela em todos os sites do mundo, sem custo algum.
Isso ilustra bem o monetarismo exacerbado que se cultua, mas, ainda nos deixa sem elementos, no caso de hoje em Newton. Tanto se tentado reduzir o sujeito a uma palavra, um rótulo, quanto buscando uma explanação mais larga, a ciência seguirá do outro lado do muro.
Para os que postulam a evolução da espécie em lugar da queda apregoada na Bíblia, cabe que demonstrem nas espécies inferiores, um só ser que faça algo semelhante a esse "evoluído".
Nosso potencial racional, ou será adensado por valores, ou, por desvalores, mas, não atuará num vácuo, como diz um ditado cristão: “Mente vazia, oficina de satanás”. Afinal, mesmo esse tipo de atos, demanda inteligência, raciocínio, de modo que, a razão é neutra, podendo prestar vassalagem ao império da virtude como do vício.
Mas, passar daqui, seria, como Moisés, necessário tirar as sandálias pra entrar em terra santa. E, como, ao longo da história, muitos assassinos usaram o boton da fé em suas lapelas, como fazem hoje os mercenários, a fé está em descrédito... o que não for racional, deve ser evitado. Preferimos o colapso da razão, a uma explicação que nos responsabilize ainda que minimamente.
Costumo arrematar meus escritos com uma ideia, uma exortação, conclusão, mas, diante desse, minha impotência assoma. Assim como a dor serve de alerta ao corpo, a vergonha e o pudor servem à alma. Bons tempos aqueles em que as pessoas não eram anestesiadas...
“Duas coisas povoam a mente com uma admiração e respeito sempre novos e crescentes...o céu estrelado por cima e a lei moral dentro de nós”. Kant