Verdades sobre o amor verdadeiro **
São as mulheres que buscam o amor, mais do que qualquer ser neste mundo. Será que nunca vou encontrar o homem perfeito?, perguntou em lágrimas minha amiga, ao sair do cinema outro dia. Não sei se ela chorava pela felicidade do casal fictício ou de tristeza por ela não ter o mesmo amor fantástico dos filmes. Perguntei estoicamente se ela se considerava uma mulher perfeita para merecer um homem perfeito. Suspeito ter feito desmoronar aquele seu romantismo, e suspeito que fora por isso que nunca mais quis sair comigo ao cinema.
Mas penso que é um caminho estranho as pessoas começarem sua busca pelo amor verdadeiro esperando um amor perfeito, romântico, cinematográfico. Pois o cinema não mostra a cena em que o par perfeito ficava sem assunto, em que um dos dois reclamava impacientemente pelo capuccino que a garçonete demorava em trazer. Nos filmes que fazem você chorar, ninguém nem peida na frente do seu par romântico. Mas amar é... Amar é poder peidar na frente do seu par romântico.
O amor verdadeiro, aliás, tem o hálito de quem acorda de manhã, arrota na mesa, e faz xixi de porta aberta, e reclama da alta dos preços, e troca de canal irritantemente.
O amor verdadeiro não é amar o perfeito. Seria muito fácil – e depois entediante – amar o perfeito. O amor verdadeiro ama o imperfeito: acorda com ele, resmunga com ele, papeia com ele, espreme os cravos dele, e briga com ele, e faz as pazes com ele. A vida funciona para quem conhece o amor verdadeiro.
Então, talvez você não precise sair em busca de um amor perfeito, porque o amor verdadeiro é imperfeito, e talvez você já o tenha encontrado e não saiba disso. Mas agora já sabe. Portanto, seja feliz e tire aquela remelinha do canto do olho do seu amor enquanto vocês estão descendo de elevador para sair. E antes de limpar essa terna remelinha em sua calça, olhe para ela, como é graciosa, como é humana!
Agora reflita na remelinha, porque se você não se importar com ela, é porque terá encontrado, finalmente, o amor verdadeiro.
Publicado em “Mulheres e seus amores”, disponível aqui em formato E-Book.
(publicado em: Palavra é Arte-Narrativas, 2017)
São as mulheres que buscam o amor, mais do que qualquer ser neste mundo. Será que nunca vou encontrar o homem perfeito?, perguntou em lágrimas minha amiga, ao sair do cinema outro dia. Não sei se ela chorava pela felicidade do casal fictício ou de tristeza por ela não ter o mesmo amor fantástico dos filmes. Perguntei estoicamente se ela se considerava uma mulher perfeita para merecer um homem perfeito. Suspeito ter feito desmoronar aquele seu romantismo, e suspeito que fora por isso que nunca mais quis sair comigo ao cinema.
Mas penso que é um caminho estranho as pessoas começarem sua busca pelo amor verdadeiro esperando um amor perfeito, romântico, cinematográfico. Pois o cinema não mostra a cena em que o par perfeito ficava sem assunto, em que um dos dois reclamava impacientemente pelo capuccino que a garçonete demorava em trazer. Nos filmes que fazem você chorar, ninguém nem peida na frente do seu par romântico. Mas amar é... Amar é poder peidar na frente do seu par romântico.
O amor verdadeiro, aliás, tem o hálito de quem acorda de manhã, arrota na mesa, e faz xixi de porta aberta, e reclama da alta dos preços, e troca de canal irritantemente.
O amor verdadeiro não é amar o perfeito. Seria muito fácil – e depois entediante – amar o perfeito. O amor verdadeiro ama o imperfeito: acorda com ele, resmunga com ele, papeia com ele, espreme os cravos dele, e briga com ele, e faz as pazes com ele. A vida funciona para quem conhece o amor verdadeiro.
Então, talvez você não precise sair em busca de um amor perfeito, porque o amor verdadeiro é imperfeito, e talvez você já o tenha encontrado e não saiba disso. Mas agora já sabe. Portanto, seja feliz e tire aquela remelinha do canto do olho do seu amor enquanto vocês estão descendo de elevador para sair. E antes de limpar essa terna remelinha em sua calça, olhe para ela, como é graciosa, como é humana!
Agora reflita na remelinha, porque se você não se importar com ela, é porque terá encontrado, finalmente, o amor verdadeiro.
Publicado em “Mulheres e seus amores”, disponível aqui em formato E-Book.
(publicado em: Palavra é Arte-Narrativas, 2017)