Quando descobri o amor
Descobri o amor só no momento em que me permiti destronar algumas das minhas raízes pra deixar ancorar em mim novos mastros, novos passos, novos sangues. Descobri o amor quando entendi que o centro do mundo estava bem distante dos meus ossos e que podia aceitar ventos desalinhados à minha alma. Descobri o amor quando deportei aqueles tiranos que por tanto tempo fizeram gato e sapato do que achava, gostava e sentia. Descobri o amor quando entendi que a vida tem seus rios, nem sempre desembocando onde queria, ou mais gostaria. Descobri o amor quando fui capaz de aceitar fagulhas de fé que não viessem apenas dos meus poentes, dos meus horizontes, das minhas nuances de pensar. Descobri o amor, sobretudo, quando tive a capacidade de perceber que duas pessoas opostas poderão, por certo, caminhar juntas naquilo que lhes fosse determinado, e isso seria uma tarefa regada à prazer, à alegria, ao respeito. Talvez seja esse o segredo: respeito. Quando fui capaz de deixar atracar no todo de mim as suas garras soberanas, descobri que poderia amar. E ser amado também.
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