O Cara Mais Irresistivelmente Resistível da Cidade
Citar Bukowski não vai me fazer descer a calcinha com mais facilidade. Abrir a porta do carro pra eu sair não faz com que eu te enxergue como nada além de um retardado que acha que eu sou mais retardada ainda achando que não consigo abrir a porta sozinha ou que com isso eu vá cair de amores por você. Não quero elogios, não quero fofura, não quero seu amor, muito menos seu pênis. Não vou andar de mãos dadas com você e nem trocar beijos apaixonados numa sala de cinema qualquer. Não quero comida na boca, café da manhã na cama, nem que você passe o protetor solar nas minhas costas.
E foi desse jeito que eu cheguei aqui. Sem pai, nem mãe. Sem amor, sem melação, sem afeto e sem você. Por favor, só me deixe continuar com minha vida medíocre e meus sexos casuais com os desconhecidos que encontro na fila do banco, no meu restaurante favorito ou no trânsito depois do trabalho.
Ai, querido. Suas poesias não me comovem, suas mensagens de texto não fazem meu coração disparar. Seu novo corte de cabelo não vai me conquistar. Meu querido, desculpe, eu não estou interessada em pacote completo nem nos bombons que estão nessa caixa em forma de coração tão cafona quanto aquela sua gravata borgonha que você comprou só por saber que era minha cor favorita.
Ler o livro que eu contei que mais gostei e narrar todo o enredo como se eu já não soubesse de nada disso só pra mostrar que está por dentro dos assuntos que eu gosto, meu bem, não me levará pra cama assim, muito menos pro altar. Esse seu politicamente correto me dá nos nervos, a maneira como explica tudo com a voz calma, o cabelo voando quando você corre jogando futebol ou está de frente pro ar condicionado, o jeito como você sussurra 'merda' quando alguém te fecha no trânsito ou seu time leva gol e a maneira como olha pra mim surpreso pela forma como eu acabei de dizer as coisas mais estranhas de maneira tão normal... Merda! Citar Bukowski não vai me fazer dar pra você.