SEM REGRA E SEM JUÍZO

Estamos escrevendo cada vez menos e abreviando cada vez mais e isso é preocupante, porque viver na mão dupla não dá! Calma! Vou explicar: trabalhamos, não? Eu, pelo menos trabalho seis horas por dia. Analiso projetos que serão financiados. São projetos e mais projetos que passam por mim, mas cada um é cada um... Penso que aquele calhamaço de papel que está na minha frente é “um projeto de vida” de alguém, que não sei quem é e quem sabe nunca saberei, a não ser o que está ali contido, portanto, trato com muito respeito e é com esse respeito que me esmero nos relatórios, com palavras adequadas, pertinentes, convincentes, mas tudo de maneira muito técnica, muito profissional.

Agora, imaginem, se à noite, em casa vou conversar com alguns parentes e amigos e vou usar a linguagem da internet: Gzuzzzz! (isso é Jesus!) - não, por favor, não! É muito difícil pra mim esse linguajar: Naum (é não) e quando o assunto é mais profundo e entra alguém que não sabe do que se trata, mas quer participar, não tem problema algum.... é só emitir uma gargalhada! (é assim kkkkkkkkkkkk): fácil, fácil. Simples assim. Se alguém informa o acontecimento de uma catástrofe, uma morte, enfim, coisas tristes, a pessoa não quer fazer comentário mas aciona “Curtir”. Mas, espere aí, curtir não é gostar? Então você está gostando da notícia, é isso? Convenhamos.... essa sinalização é no mínimo estranha.

Nessa nova ortografia imposta pelos tantos canais de comunicações, as abreviações são tantas que é preciso muito concentração para a tradução. Sim! parece que estamos traduzindo, é outra língua! Mas, espere! Não estou dizendo que o mundo está errado e eu é que estou certa, com certeza não, só acho no mínimo estranho uma pessoa que sabe escrever corretamente se adapte a estranho linguajar. Quanto a isso, os dicionários já estão se atualizando, é só consultar o Dr. Google e lá está a sua resposta. Modernizar é preciso.

Ah! E por falar em modernizar, aqui no “Recanto” e no mundo poético sou neófita, de modo que, na minha empolgação resolvi publicar dois singelos textos que orgulhosamente classifiquei como “cordel” - com estrofes de quatro versos. Minha prima (que é poetisa) gostou, mas com delicadeza me falou que o “cordel” - esse gênero literário popular é freqüentemente escrito de forma rimada, originado em relatos e as estrofes mais comuns são de dez, oito e seis versos.

Ora, ora: não contei um, dois, três e falei: é mesmo? Pois eu penso que poesia com regras deixa de ser poesia, pois a minha não tem regra nem juízo, só estou brincando de poetizar! Ela deu risada com minha desculpa esfarrapada, pois na verdade eu sou uma ignorante total das regras poéticas, a única coisa que me rege é a emoção. Quem sabe um dia me disciplinarei nesse contexto.

Acredito, pois, que para o mundo da literatura clássica ora estou cometendo os mesmos erros, não, vamos amenizar... estou cometendo as mesmas “gafes” que tanto critiquei no começo desse texto. Pronto. Falei.

Fathma Oliveira
Enviado por Fathma Oliveira em 06/12/2012
Código do texto: T4022528
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