O assalto.

Uma quase aula.

Um quase assalto.

Uma corrida perigosa.

Um quase desespero.

Xingamentos indecifráveis.

Controlo a voz: minha chave, por favor.

Porta destrancada.

Em casa. Sã e salva.

Pernas, sustentem-se!

Quem faz oscilar minhas mãos?

Inspiro, expiro.

Inteira.

Só, mas com Ele.

Sensibilidade típica da época fisiológica agravada por uma violência inesperada, mas totalmente normal na sociedade.

E vem o desabamento molhado,meio salgado.

O vento bate no rosto, vai acalmando.

A criança precisa de colo.

Mas e o medo de ser censurada pela reação perniciosa?

Corpo deitado na cama de casa.

Podia ser no asfalto com algo quente de uma cor indistinguível no escuro da noite.

Escorrendo de várias partes.

Talvez por horas, até o socorro.

Urubus dizendo que foram tiros.

Outros que foi atropelamento.

Inspiro, expiro.

Não aconteceu, meu Deus me sobreviveu.

Talvez as orações constantes dos meus estimados também.

Alguma dúvida que foi ação divina?

Tantos carros e tão perto...como passei por eles??

A tal da fé reaparece mais forte.

Uns vão dizer que foi sorte. Eu não.

Foi Ele, sempre me protegendo nos momentos mais aflitos.

E como estava aflita antes do sinistro acontecer.

A menina já pedia colo internamente.

Agora também externamente.

A ajuda vem virtual e telefônica.

Digita, vomita. Papai te ouve. E eu também.

Inspiro,expiro.

Mais fluidos lacrimais sem necessidade.

Vindos misturados com carência de coisas sem sentido.

Tanta evolução até aqui, para quê esses pensamentos?

Dissolvo em vício lúdico.

Não funciona.

As músicas depressivas voltam.

Luta interna: REAJA!

Agora já são músicas que ninam minha espiritualidade.

Aos poucos volta a paz e as preocupações corriqueiras.

Acaba o paralelismo do pânico, ficando guardado em um lugar que eu não volte a visitar.

Pela janela aparecem os ruídos da noite.

Buzinas de carros.

Desejos que reaparecem.

A fobia aparentemente se foi, mas a menina dá pulinhos desejosos pela volta do colo.

O que fazer?

Auto-medicação ansiolítica? Busca por amparo familiar ou de amigos?

Coração inquieto para decidir.

Faço então da música minha oração.

Funciona.

Na dúvida entre falta de sono e sua improdutividade de duração, ela adormeceu.

Enquanto não acordasse por dentro, antes dormisse por fora.

Angela MT Melo
Enviado por Angela MT Melo em 05/12/2012
Reeditado em 15/10/2016
Código do texto: T4021252
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