ATÉ QUALQUER DIA, COMPANHEIRO...

Theo Padilha

Na minha adolescência convivi com um rapaz que se destacava pelo seu carisma. Ele era amigo dos amigos e levava isso com uma absoluta seriedade. Querido por todos, adorava servir. Morava na pequena cidade de Guapirama, norte paranaense. Este município ficava a poucos quilômetros de Joaquim Távora. No início dos anos 60 não existia quase nada naquela cidade. E era comum o meu amigo ir sempre para a cidade de Joaquim Távora. Ele não tinha muitas posses, mas era bem de vida. Tinha muitos parentes na sua cidade. Não saía a passeio sem perguntar para a vizinhança se não precisavam de alguma coisa. Agia como Ab Lincoln nos EUA. Então era comum ele ir para o seu passeio com um monte de encomendas. Principalmente receitas médicas, para os mais idosos. À vezes tinha que pagar alguns medicamentos. Mas ele era feliz. Jogava futebol. Nadava. Cavalgava. Namorava muito e fazia muitas brincadeiras dançantes. Eu ficava orgulhoso quando ele me recebia como amigão. E crescemos assim. Eu não saía de Guapirama. Seus bailinhos eram fechados em qualquer residência e só entravam quem era convidado. Eu era o único de fora que entrava. Os seus inimigos da cidade, com ciúmes das meninas que estavam lá dentro, queriam nos matar. Mas ele não tinha medo.

Depois juntos fomos para o exército. Eu para o Quartel General e ele para o 20º. Regimento de Infantaria. Diferentes quartéis, mas sempre em nossas licenças nos encontrávamos em Guapírama. Depois da saída do exército, formamos um grupo de amigos que eram ex-soldados. Mauro Xavier, Tobias, Celso, Juracy. Começamos a namorar duas moças da mesma família. E ele continuava daquele jeito auxiliando o próximo. Eu costumava brincar: “Desse jeito você anda vai ser prefeito de Guapirama!”

Um dia deixamos de freqüentar aquela cidade e nos afastamos um pouco, coisas do destino. Ele se casou e partiu para a política. Foi vereador e depois foi prefeito. Na prefeitura fez um ótimo trabalho. Ele poderia ser eleito quanta vez quisesse. Alguns políticos queriam-no para prefeito de Joaquim Távora. Tinha grandes amigos no governo do Estado do Paraná. Alguns seguidores queriam que ele fosse deputado.

Estou falando de Alciomar Antonio da Silva, um dos grandes amigos que tive na adolescência. Infelizmente ao deixar uma churrascaria, próximo de Siqueira Campos, seu carro foi colhido por uma carreta, tirando as vidas de Alciomar e esposa. Todo o norte pioneiro chorou a irreparável perda.

Tenho certeza que eles estão num belo lugar.

Joaquim Távora, 29 de novembro de 2012.

Theo Padilha
Enviado por Theo Padilha em 01/12/2012
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