O BEM DE AMAR A NATUREZA

Um amigo que estava junto comigo, fazendo um pequeno conserto, disse quando avisei que tinha uma arainha por ali:

“Deixa, não precisa matar.”

Eu não ia matar, pois tinha visto que ela era inofensiva, mas eu já tinha ouvido jocosamente que ele dá uma volta para não atrapalhar uma formiga.

Eu sempre morei em apartamento e o contato direto com a natureza faz apenas uns cinco anos que tenho, mas já dá para ver que existe uma grande diferença em estar em seu apartamento defendendo a natureza e fazer isto convivendo com ela.

No contato você começa a sentir amor e a apreciá-la com carinho e este sentimento faz toda a diferença. Até a tua relação com o teu cachorrinho muda, pois ele quer todo dia dar uma volta, não só para fazer coco.

O meu cachorro me adotou quando me viu e não para de morder os meus tênis para me provocar e eu não quero daqui a uns dez anos, quando ele morrer, ficar pensando que poderia ter passeado mais com ele, dado mais alegria a ele, pois ele me ensinou muito, e é o meu “primogênito”.

Quando vejo, como no caso do rei espanhol que fez safári para matar elefantes, sinto uma dor muito grande que machuca pela insensibilidade. Eu fui amaciado nas madrugadas dos grandes centros e conheci tudo do que um ser humano é capaz, e você não imagina o quanto isso vai fundo, e você se torna um pouco insensível.

Quando eu via antes alguém matar um leão eu não concordava, me indignava, mas era algo bem cerebral e agora não.

Outro dia estava sentado num jardim aguardando o inicio de um compromisso quando vi uma minúscula criatura passando, devia ter meio milímetro e estava indo pela calçada quente não sei para onde e fiquei curioso do que faz uma criaturinha dessas se mover de lá para cá a um custo tão grande para ela. Não tem como não pensar no Criador de tudo isso.

Fiquei pensando, pois uma formiga vive em grupo e segue sempre o mesmo caminho, se ajudam mutuamente, mas e aquele bichinho sozinho, solitário para onde vai?

Gostaria de saber, mas o sentimento que sentimos é de parceria, afinal fazemos parte do mesmo mundo e o animal nos dá tanta alegria, mesmo estes pequenininhos.

Este meu amigo, que é meu vizinho de chácara, contou que uma caranguejeira, que apesar de muito feia não é agressiva, estava passando pelo seu quintal e ele a pegou e a levou de volta para o mato, mas quando viu lá estava ela de novo pelo mesmo caminho, e ele voltou a fazer a mesma coisa, e quando a viu novamente, pela terceira vez, pensou:

“Mas como sou burro mesmo; se ela pensar deve estar dizendo “pô que cara mais idiota” e ele ao invés de levá-la de volta para o mato a levou mais para frente, pois afinal era para lá que estava o “compromisso” dela. E ai ela foi embora.

Temos muito que aprender com a natureza, mas com o coração, pois cerebralmente já sabemos quase tudo.

A defesa da natureza começa mais perto de nós do que imaginamos.

"Não é o lugar em que nos encontramos nem as exterioridades que tornam as pessoas felizes; a felicidade provém do íntimo, daquilo que o ser humano sente dentro de si mesmo' Roselis von Sass –
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