A TEORIA E A PRÁTICA

“A teoria sem a prática vira 'verbalismo', assim como a prática sem teoria, vira ativismo. No entanto, quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis, a ação criadora e modificadora da realidade”. (Paulo Freire)

A necessidade gerada pela prática sem a teoria leva o indivíduo a procurar o conhecimento teórico para poder melhor executar suas tarefas. Todavia, muitos utilizam apenas a experiência adquirida pelo exercício prático. Esquecem que o sucesso está justamente em saber usar a prática dos outros (teoria), no sentido de não cometer os mesmos erros, chegando mais rápido a forma correta de agir.

Para melhor compreender essa temática narrarei um fato ocorrido tempos atrás. Onde a leitura do problema vivenciado pelo protagonista do caso, não utilizou a escrita, foi obtida pela simples observação das experiências de outras pessoas. Trata-se de um fato trivial que envolveu um rapaz e um grupo de freqüentadores de um “boteco”, onde o atrativo maior era uma MESA DE SINUCA. O jovem em questão era moreno claro, baixo e franzino. Chegava cedo ao recinto e passava boa parte da noite em volta da mesa de bilhar assistindo as partidas. Não jogava, apenas gostava de “sapear”, isto é: observar o andamento das sucessivas partidas. Sempre que convidado à participar do jogo, dizia que não estava ainda preparado.

O referido rapaz, também gostava de comentar as razões do sucesso, ou insucesso dos jogadores. Não deixando passar nada de liso, tanto as qualidades, quanto os defeitos de cada um. Conhecia toda a técnica dos praticantes: “maneira de segurar o taco, tacadas com efeito, firmeza e segurança na execução das jogadas”. Enfim, todos os detalhes eram rigorosamente registrados por aquela mente arguta. Discorria sobre o assunto com competência. Contudo, não praticava, mesmo quando convidado por outras pessoas a fazer parte do jogo, sem nenhuma despesa própria (dinheiro apostado e para pagar o uso da mesa).

Curiosamente, o ambiente de jogatina retrata fielmente o que acontece na sociedade. A diferença básica é que na sociedade os vícios e outros problemas são camuflados. No jogo, as pessoas despem-se de suas máscaras por um descuido momentâneo, mostrando sua real condição humana. Por outro lado, uma das crendices do bilhar é acreditar que só se aprende jogar quando se aposta, o risco de perder dinheiro em caso de derrota impele o jogador a se tornar melhor!

Então, ele começou a apostar “por fora”, tendo sucesso bem acima da média. Isso deve ter lhe rendido algum dinheiro adicional.Muito tempo depois, enfim resolveu a entrar nas disputas como jogador. Suas apostas sempre envolveram muita “grana”. O resultado foi avassalador, não tinha adversários capazes de vencê-lo, derrotava facilmente os desafiantes. Para ele o que importava era vencer, “custe o que custar”. Para tanto, preparou-se com paciência e determinação, não se precipitando. Depois de sentir-se TEORICAMENTE preparado é que iniciou à PRÁTICA vencedora..!

João da Cruz
Enviado por João da Cruz em 16/11/2012
Reeditado em 28/11/2019
Código do texto: T3989178
Classificação de conteúdo: seguro