O dia que antecede...

Aquele dia que já começa bem, o primeiro dia de fazer uma ginástica e um belo nascer do sol te fazem pensar em como a vida deve ser mais saudável, mas como nem tudo acontece como pensamos, ao decorrer do dia, logo no almoço, algo está estranho, alguma comida misturada no prato, está estragada. E vem aquela sensação de que algo muito pior está por vir, que o dia não seria tão belo quanto começou. Daí então, como de rotina, após o almoço, nada melhor do que deitar e tirar um sono leve, mas essencial, e então, você percebe que sua cachorra se escondeu, e é claro, sabe que fez coisa errada, seu cabelo tem uma substância estranha, isso mesmo, sua cachorra, aquela que tem cara de boazinha, fez o favor de fazer suas necessidades bem em cima daquela almofada velha deliciosa para um sono rápido. E mais uma evidência de que algo ainda muito pior ainda estava por vir, seu pai bem-humorado quer conversar, logo com você, que já não está de bom-humor, e você sem muitas palavras, só balança a cabeça com aquele sorriso do tipo ‘’não quero conversa’’ e o famoso ‘’aham’’. Certo, até aí as coisas não pioraram tanto, mas algo muito pior ainda iria acontecer, e, como de costume, pega o carro na garagem para ir trabalhar, é lógico, aquele vizinho tinha que colocar o carro no caminho da saída da garagem, o inevitável aconteceu, aquela raspada na lateral do carro, daquelas que tira a tinta e os vizinhos aparecem na janela. Tudo bem, o carro pode ser consertado, e seu pai, se for igual o meu, nem vai ligar, apenas falar ‘’Tome mais cuidado’’, ‘’Olhe por onde passa’’, ‘’Ande mais devagar’’ ou ‘’Não seja tão afobada da próxima vez’’. Mas o pior ainda estaria por vir, ao chegar no trabalho, o seu chefe te chama, claro, pra falar que o plantão do final de semana seria modificado, e você, sim, VOCÊ, teria que trabalhar. Até aí, tudo bem, se no final de semana não tivesse a sua formatura, sim, aquela faculdade de quatro anos, finalmente chegou totalmente ao fim, e seu chefe quer que você trabalhe. Mas com o velho charme que toda mulher tem, a folga realmente existe e a formatura poderá ocorrer sem maiores transtornos. Isso é claro, se metade dos convidados, com convites (já comprados, aquele dinheiro que estava guardado na poupança, já não existe mais) da formatura, não vão mais, você andando, percebe que formou-se uma bolha bem aonde vai o feixe da sandália que você comprou para o baile. Isso, agora sobraram convites, você gastou dinheiro à toa, seu pé dói e a sandália, com certeza, vai incomodar com aquela dor chata a noite inteira e sua mãe, cuidadosa como sempre, está mais preocupada com tudo isso do que você. Fazer o que, as coisas podem mudar bem em cima da hora sempre.